Geral
|
26 de junho de 2019
|
20:39

Usina, Rua da Praia e Açorianos: em que pé estão as obras de revitalização no Centro de Porto Alegre

Por
Luís Gomes
[email protected]
Prefeitura promete revitalizar a Rua da Praia em 2020 | Foto: Luiza Castro/Sul21

Luís Eduardo Gomes 

Ainda na gestão de José Fortunati (então no PDT), a Prefeitura de Porto Alegre obteve uma série de financiamentos internacionais para obras de revitalização na região central da cidade. Locais como a Orla do Guaíba, Largo dos Açorianos, Usina do Gasômetro e Rua do Praia deveriam ganhar uma cara nova ainda em seu governo. Sucessivos atrasos fizeram com que o trecho 1 da Orla, iniciado em outubro de 2015, ficasse pronto apenas em junho de 2018. Da mesma forma, a reforma do Largo dos Açorianos, iniciada em 2015, só agora está ficando pronta.

A demora para o cumprimento de prazos faz com que haja o temor de que os recursos dos financiamentos para as demais obras possam ser perdidos, ainda que a Prefeitura garanta que isso não deve ocorrer. O Sul21 entrou em contato com as secretarias responsáveis por cada obra para saber as estimativas de conclusão dos projetos de revitalização. Confira a seguir.

Rua da Praia

Obra mais recente a ter novidade, a revitalização da Rua da Praia teve uma primeira licitação que deu deserta no início do ano. No segundo edital, que, segundo a Prefeitura não teve alterações, foi selecionada a empresa Encop Engenharia, que terá um prazo de seis meses para a elaboração do projeto executivo — proposta urbanística, projetos complementares e orçamento/especificações. A Encop receberá R$ 117 mil pelo projeto.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) estima que a licitação da obra em si será lançada no primeiro trimestre de 2020, mas ainda não há previsão de prazo de duração para a revitalização.  O trecho entre a General Câmara e a Marechal Floriano terá nova iluminação, pavimento recuperado, instalação de assentos, acessibilidade e toda uma renovação paisagística. A reforma também abrange a Rua Uruguai, entre a Rua da Praia e a Sete de Setembro.

Rua da Praia | Foto: Luiza Castro/Sul21

Os recursos para a remodelação são oriundos de um contrato de financiamento firmado com o Banco de Desenvolvimento da América Latina – Corporação Andina de Fomento (CAF), que tem vigência até 2020. Um dos temores em relação ao projeto era de que as obras não saíssem até o ano que vem, o que poderia fazer com que a cidade perdesse esses recursos. A Prefeitura ainda não trabalha com a possibilidade de prorrogar o prazo do contrato com o órgão financiador e afirma que, como o dinheiro será liberado a partir da execução dos serviços, não há o risco de devolução de recursos já repassados.

Por meio de nota, a Smim disse que a revitalização da Rua da Praia faz parte de um projeto de qualificação do Centro e de resgate da memória coletiva da cidade. “As obras componentes do Programa CAF têm por objetivo valorizar e revitalizar algumas das principais ruas da região central da cidade: Rua da Praia, Rua Uruguai e o chamado Quadrilátero Central (área compreendida entre as Ruas Marechal Floriano Peixoto, General Vitorino, Voluntários da Pátria, Doutor Flores e Av. Borges de Medeiros). Além da questão de valorização do patrimônio histórico, nesta área central da cidade circulam mais de 400 mil pessoas por dia, deixando clara a necessidade de investimento em passeios confortáveis, acessíveis e seguros e privilegiando a circulação dos pedestres”, diz a secretaria.

Usina do Gasômetro está fechada ao público desde 2017 | Foto: Luiza Castro/Sul21

Usina do Gasômetro

Outro projeto de revitalização ainda em fase de licitação é a Usina do Gasômetro, que está fechada ao público desde 2017. Diretor da Usina, Luiz Armando Capra Filho afirma que o projeto arquitetônico está pronto e já foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e pelos órgãos municipais responsáveis pelo licenciamento, restando ainda a aprovação do projeto junto ao Corpo de Bombeiros.

Segundo Capra, o projeto para o edital de licitação para a realização das obras foi encaminhado para a Central de Licitações da Secretaria Municipal da Fazenda (Celic) e que a expectativa é que ele seja lançado em julho. A previsão de início das obras é para o segundo semestre de 2019, com conclusão prevista para agosto de 2020. Capra destaca que a revitalização da Usina está orçada em R$ 15 milhões, incluindo as obras estruturais e de remodelação do prédio e a compra de equipamentos para o Teatro Elis Regina e para a sala de cinema P.F. Gastal. “Depois da licitação da obra, já começa o encaminhamento para licitação dos equipamentos. Serão cerca de R$ 2 milhões para a equipagem”, diz.

Uma vez prontos, o teatro e o cinema, antes sediados em andares superiores, passarão a ser no primeiro andar. Segundo Capra, para facilitar a acessibilidade dos usuários. Outro fator que motiva a mudança do teatro e do cinema é um pedido de adequação feito pelos bombeiros, por isso Capra destaca que o “norte” do projeto é garantir a liberação do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI) do prédio. “Temos aí fatos recentes, como o incêndio da Kiss, do Museu Nacional, da Catedral de Notre Dame, por isso a nossa preocupação”, diz. O restante da Usina passará por um redimensionamento, mas Capra diz que ela não perderá a sua essência.

Foto: Luiza Castro/Sul21

Um café será reaberto no segundo andar e um restaurante será inaugurado no quarto andar. A Usina também ganhará uma nova entrada. A atual, pela Av. Presidente João Goulart, passará a ser voltada para o acesso de equipamentos e fornecedores, com a entrada do público passando a ser pela Orla Moacyr Scliar, fazendo com que a usina deixe de estar virada de costas. “Estamos abrindo mão no acesso na avenida e priorizando o acesso na orla porque favorece a movimentação das pessoas. A ideia é que, no futuro, passe a ser um ponto de encontro entre o Cais revitalizado e a Orla do Guaíba”, diz Capra.

O diretor informa que o projeto original de revitalização data de 2016, quando a Prefeitura obteve um financiamento junto à CAF. Inicialmente, o órgão emprestou US$ 3 milhões para a reforma, com parte desse recurso sendo destinado para o projeto arquitetônico. Capra informa que a CAF irá financiar outros R$ 10,5 milhões para as próximas etapas da revitalização, com a Prefeitura sendo responsável por uma contrapartida de R$ 4,5 milhões. Pelo contrato com a CAF, a Usina deve estar reformada até agosto 2020, e o diretor acredita que esse prazo, apesar de adiado diversas, agora é possível de ser cumprido. “Não há preocupação com esse item porque estamos administrando dentro do prazo”, diz.

Usina do Gasômetro receberá uma nova entrada com a revitalização | Foto: Luiza Castro/Sul21

Largo dos Açorianos

Fechado desde 2015 e com prazo de conclusão para o final de 2016, o  Largo dos Açorianos está com as obras, enfim, próximas de serem concluídas. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams) trabalha, inclusive, com o prazo de entrega ainda neste mês de junho, uma vez que restariam apenas acabamentos finais. “Até sexta-feira, 28, a Smams realiza vistoria técnica detalhada na obra, verificando se todos os itens foram executados como constam no memorial descritivo e solicitando os devidos reparos, se necessário. Expede-se, então, o Termo de Recebimento Provisório. Após este recebimento provisório, a obra passa por fase de testes dos equipamentos”, afirma nota da secretaria encaminhada à reportagem.

O Largo terá dois espelhos d’água interligados por uma fonte, com a água circulando em circuito fechado entre os dois espelhos por meio de bombas hidráulicas. Esse equipamento será verificado e, uma vez aprovado, será emitido o Termo de Recebimento Final, liberando o espaço para utilização da população.

Largo dos Açorianos vai ganhar novos espelhos d’água | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Orla do Guaíba

Em abril deste ano, a Prefeitura realizou a apresentação do edital de licitação para as obras do trecho 3 da Orla do Guaíba. O edital ainda não foi lançamento oficialmente, o que deve acontecer no início do segundo mestre. Uma vez lançado, as empresas interessadas terão 30 dias para entregar propostas. Após a escolha da vencedora, a expectativa é que as obras levem 12 meses para ser concluídas. O trecho, que vai do Arroio Dilúvio até o estádio Beira-Rio (1,6 km extensão) terá 27 quadras esportivas, uma pista de skate, arquibancadas, vestiários, ciclovia, três bares e mais de 200 vagas de estacionamento.

O projeto é assinado pelo arquiteto Jaime Lerner, o mesmo do trecho 1 (hoje conhecido como Orla Moacyr Scliar). O custo previsto da obra é de R$ 57,18 milhões.

Projeto de revitalização do trecho 3 da Orla | Foto: Reprodução

Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora