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22 de maio de 2019
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16:43

ONG Mães pela Diversidade organiza piquenique em defesa de todos os tipos de famílias

Por
Sul 21
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ONG Mães pela Diversidade organiza piquenique em defesa de todos os tipos de famílias
ONG Mães pela Diversidade organiza piquenique em defesa de todos os tipos de famílias
A ONG Mães pela Diversidade existe desde 2015 no Rio Grande do Sul. Foto: Divulgação

Annie Castro

Desde 2015, a ONG Mães pela Diversidade no Rio Grande do Sul vem realizando diversas atividades, como palestras em escolas e universidades, capacitação de professores e mobilizações em espaços públicos. Atualmente, o movimento formado por mães e pais de pessoas LGBTs existe em 22 estados brasileiros. No RS, o grupo prepara uma mobilização para o dia 16 de junho, quando realizará um piquenique em Guaíba, cidade vizinha a Porto Alegre, em defesa de todos os tipos de famílias.

A geógrafa Renata dos Anjos, fundadora da entidade no Rio Grande do Sul, conta que foi a partir disso que começou sua militância contra a LGBTfobia. “Sou mãe de uma mulher lésbica, que hoje tem 24 anos, mas saiu do armário aos 14. Ela disse que estava apaixonada por uma menina e perguntei ‘e ela?’. Eu não militava, mas sabia que a vida seria mais difícil para ela. Para mim nunca teve nenhum problema, a gente sabe a sexualidade antes dos filhos”, diz.

Em 2015, após a melhor amiga de sua filha ser expulsa da casa dos pais, Renata acabou descobrindo o movimento de São Paulo. “Eu queria fazer alguma coisa sobre isso e fui para a internet pesquisar. Aí encontrei o Mães e fui atrás do pessoal em São Paulo”, lembra Renata. Ela conta que, após a reunião com o grupo, recebeu a missão de criar uma vertente do Mães pela Diversidade no Rio Grande do Sul. “Aqui começou só eu e outra mãe, que era psicóloga. Hoje já somos mais de 50 mães pelo RS inteiro”, diz. Atualmente, Renata atua como coordenadora do Mães pela Diversidade do Estado.

Renata explica que o movimento nasceu da necessidade de mães e de pais que precisavam compartilhar e lidar com as experiências de LGBTfobia que seus filhos sofriam. “Temos mães que viram seus filhos sendo apedrejados em seu próprio condomínio. Uma mãe teve que buscar o filho que levou uma surra saindo de uma festa, temos mães que perderam o filho para a LGBTfobia, que não puderam enterrar seus filhos em caixão aberto porque o rosto estava desfigurado de tanto que ele tinha apanhado. É muito maluco que a gente tenha que passar por isso por puro preconceito, principalmente por parte dos fundamentalistas”, afirma.

De acordo com a coordenadora, a entidade possui algumas parcerias com instituições e com movimentos sociais. Em 2015, mesmo ano em que foi criado, o movimento foi convidado para ser uma das entidades que atuam na organização da Parada Livre de Porto Alegre. “Em 2017 pela primeira vez nós abrimos a Parada. Saímos todas a mães na linha de frente fazendo a abertura do evento”, lembra Renata.

Renata também destaca que o grupo busca mostrar que as crianças e jovens LGBTs existem e que não merecem ser estigmatizadas por conta de sua orientação sexual. “Somos mães atípicas por causa do preconceito. A gente só quer direitos iguais, ninguém aqui quer privilégio. Só queremos que nossos filhos não sofram violência, que não virem estatísticas e que não vierem piadinhas por andar de mãos dadas com seus pares”.

Mobilização em Guaíba

No último dia 14, foi apreciado na Câmara de Vereadores de Guaíba um Projeto de Lei, de autoria do vereador Miguel Crizel (Solidariedade), que propõe denominar como ‘Praça da Família’ uma área verde localizada no centro da cidade. Um dia antes, o jornal Guaíba Online publicou em sua página no Facebook um texto afirmando que o vereador teria dito que não enxergava um casal homossexual como uma família. Após a postagem, o vereador publicou a íntegra do PL em sua conta no Facebook, afirmando que não existia no texto “nenhuma discriminação e muito menos preconceito”.

Em função da repercussão do caso, o Mães pela Diversidade está organizando um piquenique na praça em Guaíba. “Vamos ocupar o espaço com todos os tipos de famílias. Vamos fazer barulho para mostrar à sociedade que as nossas famílias existem”, afirma Renata. A coordenadora explica que a entidade irá enviar uma carta aos vereadores da cidade e, após isso, criará um evento no Facebook contendo mais informações sobre a mobilização planejada para 16 de junho.

O Sul21 entrou em contato com o gabinete do vereador Miguel Crizel, mas não conseguiu falar com ele, nem obteve retorno.


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