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29 de abril de 2019
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20:29

Presidente do Cpers entrega contracheque a Leite: ‘Se fosse por dinheiro, fazer faxina seria melhor’

Por
Luís Gomes
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Presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, apresenta contracheque ao governador Eduardo Leite | Foto: Divulgação

Da Redação*

A direção do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) se reuniu na tarde desta segunda-feira (29) com o governador Eduardo Leite (PSDB) e com secretários estaduais no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF) para a primeira reunião da mesa de negociação entre a categoria e o governo estadual. No encontro, a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, apresentou ao governador a reivindicação dos professores e funcionários de escolas gaúchas de recomposição das perdas inflacionárias de 28,78%, referente a quatro anos de salários congelados da categoria.

“Estamos hoje com 4 anos e 5 meses sem reajuste. Estamos no limite da miserabilidade. Estamos adoecidos, há um índice alto de suicídios. O desgaste psicológico é excessivos. Não pedimos reajuste, pois poderíamos pedir o reajuste do piso, que é de 102%. Nossa categoria, de forma sábia, optou por reivindicar a recomposição da inflação”, disse Helenir na abertura da conversa.

O último reajuste concedido aos professores e funcionários de escola data de novembro de 2015, ainda no governo Tarso Genro. Na ocasião, a folha de pessoal da Secretaria de Educação (Seduc) era responsável por 38% do orçamento estadual. Atualmente, é de 30,2%. “A arrecadação do ICMS aumentou, somente em 2018, 8,99%. Nada desse recurso foi direcionado para recuperar as nossas perdas”, afirmou a presidente do Cpers.

Leite se disse sensível à situação dos professores, dizendo que eles enfrentam em suas vidas o “colapso das contas do Rio Grande do Sul”, mas disse destacou o foco da sua gestão no momento é colocar em dia os salários dos servidores. “A demanda é legítima, é justa, mas o foco do governo está todo em conseguir equilíbrio para pagar em dia. Muita gente duvida mas continuamos na convicção de fazer até o fim do ano”, disse o governador. “Temos que cuidar do passivo herdado para conseguir pagar em dia. Mas falar em reajuste neste momento, por mais justo que seja, por mais que sensibilize, não é possível”.

O governador voltou a reconhecer a legitimidade do Cpers pleitear a “sua parcela no bolo”, mas disse que precisava antes ajustar o bolo. “Sensível eu sou. Falta dinheiro”, disse.

No meio da reunião, Helenir entregou ao governador o seu próprio contracheque  referente ao mês de março, que aponta que recebeu um salário líquido, descontado um empréstimo no Banrisul, de R$ 1.276,63. “Tenho 30 anos de magistério, governador. Lhe pergunto: 28,78% é muito em cima disso?”, questionou. “Não queremos trabalhar com outra coisa. Queremos trabalhar com tranquilidade, pois amamos o que fazemos. Se fosse por dinheiro, fazer faxina seria melhor”.

Contracheque apresentado pela presidente do Cpers ao governador | Foto: Reprodução

Outro ponto cobrado pelos representantes do Cpers foi a revisão do plano de carreira que está sendo estudada pelo governo do Estado. Além da presidente, outras diretoras do sindicato expuseram ao governador a preocupação de que eventuais mudanças na carreira dos professores e funcionários de escola poderá precarizar ainda mais a situação deles. “Os funcionários de escola já não tem dinheiro pra pedir empréstimos para o Banrisul. Estão se endividando com suas famílias. Não é dinheiro pra comprar roupa, é pra comprar comida”, disse a diretora Sonia Solange. “Estamos numa situação em que quem está no topo da carreira, com pós-graduação, pode ganhar o mesmo de um educador com nível médio. Como podem chamar nossas gratificações de distorção?”, questionou a secretária-geral Candida Rossetto.

Ao final, Helenir entregou ao governador o projeto para retirar do contracheque o desconto do vale-refeição, que hoje é estornado em quase a sua totalidade. O projeto já tinha sido apresentado a Sartori, ainda em 2015, mas nunca tramitou na Assembleia Legislativa. Já Leite se comprometeu a estudar os dados e manter a mesa de negociação, garantindo um novo encontro entre as partes, com a presença dele, em 15 dias, no dia 13 de maio. “Não direi um ‘não’ fechado. Eu tenho convicção de que 28,78% é impossível. Mas vocês podem me convencer”, disse Leite ao final.

*Com informações do Cpers


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