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29 de abril de 2019
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00:04

Contra retrocessos na educação e perseguições, mães e pais promovem festival na Vila Flores

Por
Sul 21
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Show de Nei Lisboa foi a atração principal do ‘Festival da Democracia e da Liberdade’. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Annie Castro

Neste domingo (28), as fachadas das casas da Associação Cultural Vila Flores, em Porto Alegre, foram tomadas por dizeres que ressaltavam a importância da educação, da democracia, da resistência e da liberdade. Com frases como ‘Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres’, os cartazes foram colocados ali para o ‘Festival da Democracia e da Liberdade’, realizado pela Associação Mães & Pais pela Democracia.

De acordo com o vice-presidente da entidade, Marcelo Prado, o Festival foi pensado para que a população possa conhecer a Associação de Mães & Pais pela Democracia, que foi criada há dois meses atrás. Ele afirma que atualmente o movimento já reúne cerca de 60 escolas do Rio Grande do Sul e mais de 5 mil famílias. “Estamos envolvidos no sentido de preservar a escola, a liberdade dos professores, a liberdade de ensinar e de aprender”, afirma.

Prado também destaca os retrocessos na educação que o país vem enfrentando no governo de Jair Bolsonaro (PSL) e os classifica como “assustadores”. Segundo ele, uma das maiores preocupações da Associação é em relação à crescente ameaça de censura nas escolas e, principalmente, voltada para os professores: “Mesmo que não haja censura oficial, existe o medo dos professores de ultrapassar uma barreira e que, por isso, algum aluno faça alguma denúncia e eles percam seus empregos”.

Desde às 11h da manhã, uma série de atividades ocorreram no local. Diversos artistas estiveram na programação, dentre eles Lico Silveira, Thays Prado e João Pedro Sé, Manoela Wolf Trio. O evento também contou com slam, grafitagem ao vivo, performances de dança, rodas de conversas e DROPS culturais, ou seja, falas que traziam informações sobre alguns temas específicos, como educação democrática, censura e doutrinação.

O Festival também foi uma oportunidade para lançamentos culturais. Um deles foi o do curso de extensão Educação Democrática, uma parceria entre a Associação e a Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). De acordo com a presidente da Mães & e Pais pela Democracia, Aline Kerber, o curso acontecerá na forma de debates itinerantes em escolas públicas e privadas, juntamente com as comunidades escolares, a fim de dialogar com públicos distintos.

A mesa diretora da Associação Mães e Pais pela Democracia afirmou que “a luta nunca cessará”. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Antes da atração principal do evento, o show de Nei Lisboa, a mesa diretora da Associação Mães & Pais pela Democracia subiu ao palco para agradecer a presença dos participantes e afirmar que “a luta nunca cessará”. “Lutamos pelos nossos filhos e pelos filhos de todos”, ressaltou Aline.

Por volta das 15h40min, o cantor e compositor deu início a sua apresentação. Antes das músicas, fez uma breve fala contando que aceitou de imediato o convite para participar do Festival. Durante o discurso, ele também falou sobre o contexto político do Brasil: “Todos estamos convivendo ante a um obscurantismo amplo nesse país. A gente conviveu com um episódio de tentativa de amordaçar o ensino nesse país, especificamente na escola. Então, tenho todos os motivos para estar aqui de coração. Tomara que a gente consiga reverter e botar de novo o nosso país e a nossa gente em um rumo mais interessante”.

O show de Nei Lisboa durou cerca de uma hora e foi acompanhado por centenas de pessoas. Ao cantar o trecho ‘salva-se a filosofia’, da música ‘Deixa o bicho’, de uma parceria com Humberto Gessinger, o público vibrou, fazendo relação com o contexto político atual de desmontes na educação – na última semana, Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que o Governo Federal estuda descentralizar o investimento nas faculdades de filosofia e sociologia.

Encerrando a apresentação, Nei Lisboa afirmou à plateia que a população está unida para que “esse país possa se reerguer de tudo que está sendo destruído nele”. Ele ainda foi presenteado com um quadro produzido por quatro artistas da Casa de Cultura do Hip Hop de Esteio, que grafitaram durante o evento.

Veja outras fotos do festival:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
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