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14 de março de 2019
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19:09

Porto Alegre tem ato contra desmonte da Caixa e em defesa das empresas públicas

Por
Sul 21
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Manifestantes denunciaram ataques que o banco vem sofrendo. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Annie Castro

Antecipando o dia Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa, marcado para acontecer nesta sexta-feira (15) em todo o país, funcionários da instituição e lideranças sindicais participaram de um ato, nesta quinta-feira (14), em frente à sede da Caixa Econômica Federal, no centro de Porto Alegre, para denunciar os ataques que o banco vem sofrendo nos últimos anos e a ameaça de privatização, fortalecida após a mudança da presidência da empresa.

Organizado pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), por servidores da Caixa e com a participação de sindicatos do interior, o ato defendeu a necessidade de se ter um banco público voltado para a população e para projetos sociais. Além disso, alertou para o avanço da proposta de privatizações de empresas estatais, para os ataques do governo Bolsonaro aos movimentos sociais e às empresas estatais, e para as vendas que já estão sendo feitas por parte do novo presidente do banco, que começou a anunciar vendas de partes da Caixa, como a Caixa Seguros e a Caixa Loterias.

Gilmar Aguirre, da Contraf-CUT.  (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Segundo Gilmar Aguirre, diretor da Contraf-CUT e representante gaúcho na Comissão Executiva dos Empregados (CEE), isso representa uma tentativa de enfraquecer a Caixa dentro do mercado: “Se eu enfraqueço a Caixa ela deixa de ser competitiva. Isso já está acontecendo. O atual presidente da Caixa declara abertamente que a ela tem que ser enxugada. Hoje a Caixa não está mais ameaçada de ser privatizada, ela está sendo, mas de um modelo diferente”.

O ato em Porto Alegre, assim como a mobilização nacional, não visam defender somente a Caixa, mas também outras empresas estatais que estão sendo ameaçadas, assinalou Gilmar. “Todas as empresas estatais, sejam estaduais ou federais estão sendo postas à venda. Então é uma defesa da Caixa enquanto instituição pública. Lutar pela Caixa é lutar pela manutenção do país como a gente conhece, é lutar pelo patrimônio público nacional. Toda vez que eu tiro um Banco Público de uma cidade eu estou tirando as menores taxas de mercado, o atendimento a baixa renda, o fundo de garantia, tudo isso”.

Para Gilmar, a ideia de privatizar empresas estatais se fortaleceu após golpe que afastou do poder Dilma Rousseff. “Quem assumiu o país veio com a ideia do estado mínimo. Para eles, quanto menos o país intervir na economia é melhor pro ente chamado mercado. E esse governo que está aí agora está implementando o ultra neoliberalismo, passou do liberalismo. Ele quer vender a caixa e quer vender os ativos do país”.

Além de defender a Caixa enquanto empresa pública, o ato também procurou mostrar a importância que o banco desempenha e o quanto o sucateamento dele afeta a população, principalmente quem possui uma renda menor. De acordo com Jailson Bueno Prodes, diretor do SindBancários e funcionário da Caixa, o papel social da Caixa é entendido pelos funcionários, mas também precisa ser visto pela sociedade. “A Caixa é a principal gestora dos projetos sociais do Governo Federal, principalmente dos projetos sociais vinculados aos estados e às prefeituras. Dentre eles financiamento habitacional, de saneamento, o próprio Bolsa Família. O que a gente precisa é dar visibilidade para a população de que privatizar esses bancos públicos vai prejudicar quem mais precisa de serviços sociais” defendeu.

O mesmo pensamento foi compartilhado por Gilmar, que também chamou a atenção para as muitas demissões que vem acontecendo desde 2016. “Quando eu demito gente eu começo a mexer no quadro, diminuindo ele e a capacidade de atendimento. Aí eu tenho que fechar agências, diminuir postos de trabalho. Quem é que perde com isso? É a população. E a população não tá se dando conta ainda de que no fim desse túnel é ela que vai ser atingida, não é só nós os empregados da Caixa”.   

O diretor da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS), Fabio Soares Alves, manifestou solidariedade com os empregados da Caixa, lembrando que os bancários fazem, desde os anos 80, a luta contra as privatizações e sobrevivem desde lá. “Todo o ano, quando tem eleições, a privatização do Banrisul entra em pauta. Mesmo sendo responsável pela maior parte do crédito do Rio Grande do Sul e com 96% do PIB gaúcho passando pelo banco, há quem queira vendê-lo”, lembrou.

Mais fotos do ato:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

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