Da Redação
A apuração oficial do Carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro confirmou o que o público do sambódromo e a crítica especializada já apontavam: Mangueira campeã. Penúltima escola a desfilar na madrugada da última terça-feira (5), a Mangueira apresentou o enredo “História pra ninar gente grande”, que no samba enredo da escola era definido como a “história que a história não conta”.
Na avenida, o enredo se traduziu no questionamento dos “heróis oficiais” do Brasil, como o Pedro Álvares Cabral, Princesa Isabel e Duque de Caxias, apresentados como responsáveis pela morte de milhares de indígenas e negros. Por outro lado, saudou heróis que não estão nos livros escolares, como o indígena Sepé Tiaraju, o abolicionista Luiz Gama, a líder de revoltas baianas Luísa Mahin, entre outros.
A desconstrução dos heróis oficiais e apresentação de outros foi representada já na comissão de frente da escola, que trouxe os primeiros iniciando o desfile em quadros, mas sendo substituídos por indígenas e negros ao longo do desfile. A temática também foi o destaque do último carro alegórico, que teve como o objetivo justamente contar a “história que a história não conta”, retratando a violência propagada pelas figuras históricas. A vereadora assassinada Marielle Franco, que também era homenageada na letra do samba, teve o rosto pintado em bandeiras que compunham a última ala da escola.
A Mangueira obteve a nota máxima em todos os quesitos — as notas abaixo de 10 foram descartadas — e chega ao seu 20º título. Ela voltará ao sambódromo no próximo sábado, para o desfile das campeãs, que também contará com apresentações da Viradouro, Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade. Império Serrano e Imperatriz Leopoldinense foram as escolas rebaixadas.
Confira o samba-enredo campeão e o desfile da Mangueira.