Da Redação
A Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer, no bairro Medianeira, tradicionalmente oferecia a seus alunos e à comunidade vizinha oficinas de diferentes modalidades artísticas. O projeto iniciado há 40 anos, que permitia que os estudantes aprendessem cerâmica, música, desenho e teatro de acordo com suas preferências, foi encerrado no início de 2019. Os alunos seguem tendo aulas de artes como parte do currículo regular nos três turnos, englobando a Educação Infantil, Ensino Médio e Magistério.
Na próxima quarta-feira (27) as aulas retornam na Escola, momento que a professora Vanusa Estrasulas considera que será o “mais triste”, devido ao fechamento do projeto. Os professores se mobilizaram e criaram um abaixo-assinado pedindo que a Prefeitura de Porto Alegre permita que as quatro modalidades artísticas continuem sendo ensinadas.
“O que acontece sem a presença de um grupo de professores é que a gente não consegue trabalhar as linguagens específicas. Eu permaneço na escola atendendo todas as turmas inteiras, que antes a gente dividia, os alunos escolhiam a linguagem que queriam fazer. Agora vai ser uma coisa mais geral, é difícil pegar uma turma de 35 alunos e trabalhar cerâmica, que precisa de uma atenção mais individual”, explica ela, que até então ministrava as aulas voltadas à cerâmica.
Os professores mencionam no abaixo-assinado a importância de serem oferecidas oficinas de arte para a população de baixa renda, que não teria a possibilidade de realizar essas atividades caso não fossem gratuitas. “Devemos endossar que só possa ter aula de música, desenho, cerâmica e teatro quem pode pagar por isso? (…) As possibilidades de acesso e vivências relacionadas aos bens culturais e aos prazeres estéticos passam longe de onde os alunos, em sua maioria, residem. Por que a escola não pode lhes proporcionar isso?”, questiona o grupo de professores no texto.
Vanusa acrescenta que, com as oficinas, os estudantes acabavam permanecendo na escola por mais tempo, após as aulas, utilizando os espaços dedicados para o projeto. “Temos vários alunos que se matriculam na escola por já saber que tem essas atividades, era um diferencial da escola e uma chance para essa gurizada”, aponta. Os outros três professores ligados ao projeto até 2018 foram remanejados – a responsável pelo setor de música ministrará aulas para o Magistério, também oferecido pela escola.
Já os estudantes de ensino médio não terão mais aulas de música e teatro, cujos professores irão para outras escolas. A oficina de cerâmica ministrada por Vanusa para além das aulas curriculares segue funcionando, após decisão tomada em reunião entre a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e a direção da escola nesta quinta-feira (21). “A direção da Emem Emílio Meyer e a diretoria pedagógica da Smed reorganizaram o quadro da escola, preservando o tempo para planejamento e disponibilizando, dentro da carga horária de atendimento em sala de aula, quatro horas para a oficina de cerâmica à comunidade”, informou a secretaria.
A decisão de remanejar os professores foi comunicada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) à direção da escola durante a reunião de fechamento de quadro. Segundo a Prefeitura, “quando a escola identifica um professor como excedente, ele é transferido para outra instituição de ensino que precise de professor naquela disciplina”.
Inicialmente, a Smed havia informado à reportagem que seriam mantidos dois professores: um de 40 horas para ministrar as aulas de artes e um de 10 horas para lecionar música aos estudantes de Magistério. Após a reunião de quinta-feira, a Secretaria afirmou que a disciplina de artes “é ofertada na escola em 90 horas semanais, com três professores, nos três turnos, atendendo Educação Infantil, Ensino Médio e Magistério”.
Vanusa reitera que, embora seja positivo que a oficina para a comunidade esteja mantida, a solicitação de que os estudantes pudessem seguir aprendendo as quatro linguagens de forma separada ainda não foi atendida. “Obtivemos um avanço, mas ainda não foi uma vitória”, menciona.