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18 de fevereiro de 2019
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19:52

Mães e pais realizam cafés democráticos em primeiro dia do ano letivo em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Cafés Democráticos aconteceram em 28 escolas privadas de Porto Alegre, Santa Maria e Viamão | Foto: Guilherme Goulart/ divulgação

Débora Fogliatto

A Associação Mães e Pais pela Democracia promoveu, na manhã desta segunda-feira (18), ‘cafés democráticos’ em 28 escolas de Porto Alegre para marcar o início do ano letivo. O maior deles ocorreu na praça Dom Sebastião, em frente ao Colégio Rosário – onde o movimento teve início, no ano passado, após uma polêmica envolvendo protestos de estudantes.

Na maioria das escolas, o café ocorreu dentro das próprias cantinas, onde os pais e mães foram com camisetas e adesivos e permaneceram por cerca de 1h30 de forma tranquila, sem protestar. Em frente ao Rosário, eles precisaram contar com a presença da Guarda Municipal devido às ameaças que receberam nos últimos dias, segundo relato da presidente da Associação, Aline Kerber.

“Recebemos diversas ameaças ao nosso grupo durante a semana, e piorou no final de semana. Nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, inclusive um áudio de uma mãe com fake news dizendo que abordaríamos alunos, que faríamos uma doutrinação com alunos nas escolas, entregaríamos panfletos. Ela disse que ‘já bastava engolir professores’, agora teria que engolir o nosso movimento”, relata.

Aline explica que a Associação nasce justamente da luta em defesa dos professores e de uma educação “plural, inclusiva e focada nos direitos humanos”. Os integrantes do grupo consideram que os professores são centrais nesse processo, e o café foi realizado como forma de demonstrar apoio aos professores e professoras. “Não é uma manifestação, não apoiamos manifestações dentro de escolas. Foi um ato simbólico de estar presente na escola e estarmos identificados como pais e mães que acreditam numa educação baseada no amor e na liberdade”, resume.

Segundo Aline, os cafés foram atos simbólicos para apoiar professores e alunos | Foto: Guilherme Goulart

Os pais e mães também estiveram nas escolas para apoiar seus filhos, muitos dos quais Aline relata terem sido rotulados devido ao movimento. A associação também conta com advogados que já estão avaliando as medidas cabíveis a serem tomadas como resposta às fake news e às ameaças que sofreram.

Pais e Mães pela Democracia

A Associação foi construída formalmente na semana passada, quando aconteceu a primeira assembleia geral que elegeu a sua diretoria. Desde então, vem crescendo de forma exponencial: de oito escolas que participavam inicialmente, agora já são 30, dentre privadas e públicas. “Entre associados e simpatizantes, nós tínhamos aproximadamente 2.500 pessoas, e agora já estamos com quase 5.100 pessoas envolvidas com a associação. Crescemos bastante em termos de número de escolas, além de Porto Alegre, temos em Santa Maria e Viamão também”, comemora a presidente.

A ideia das mães e pais é dar sequência à realização de eventos de confraternização e estabelecer também um caráter formativo, realizando discussões sobre temas como o ensino de sexualidade e gênero nas escolas, defendido pela Associação. “Vamos também participar de debates de frentes parlamentares sobre projetos como o Escola sem Partido, vamos fazer o debate e apresentar as nossas críticas, e defendendo a necessidade de se ensinar sobre gênero e sexualidade nas escolas”, afirma Aline.

Combater o Escola sem Partido é uma das maiores bandeiras dos pais e mães, que defendem que se preserve o respeito e a autoridade do professor no ambiente escolar e repudiam iniciativas como a gravação de aulas. Ainda, o movimento compõe, junto com outras entidades, a Frente contra a Intolerância e o Ódio criada pelo Ministério Público Federal.

Aline destaca que o movimento é suprapartidário e que ela, assim como 90% dos integrantes, não é filiada a nenhum partido político. “Somos democratas, defendemos as leis e a Constituição de 1988. Esse é o nosso posicionamento e é importante que isso fique claro, queremos construir pontes, inclusive com quem ainda não se aproximou da gente. Não somos ligados a partidos políticos”, reitera.

Em abril, o grupo deve lançar a primeira edição do festival da Democracia e Liberdade, com show de Nei Lisboa, cuja filha estuda em uma escola que integra o grupo. “Queremos sair dessa pauta do debate ideológico e avançar na proposição, nas políticas publicas”, assegura Aline.


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