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20 de fevereiro de 2019
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17:44

Glifosato eleva em 41% o risco de câncer que afeta o sistema imunológico

Por
Sul 21
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Protesto na Europa contra a Monsanto, principal fabricante do glifosato.(CC 2.0 – DEGUST)

Cida de Oliveira
Rede Brasil Atual

 Agrotóxico mais usado em todo o mundo, inclusive no Brasil, o glifosato aumenta em 41% o risco de uma pessoa exposta a ele vir a desenvolver o linfoma não-Hodgkin. Trata-se de um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira desordenada pelo organismo. A constatação é de uma ampla pesquisa divulgada semana passada pela Elsevier, maior editora de literatura médica e científica do mundo.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Bekerley, Universidade de Washington e da Faculdade de Medicina Mount Sinai, de Nova York, examinaram todos os estudos que mostram alguma relação entre a exposição ao glifosato e o risco de desenvolvimento do linfoma. Esse método de pesquisa científica, chamado de meta-análise, incluiu a mais recente atualização de uma pesquisa financiada pelo governo do Estados Unidos, o Estudo de Saúde Agrícola (AHS, da sigla em inglês Agricultural Health Study), publicada em 2018.

Eles afirmam que as evidências encontradas “suportam uma ligação convincente” entre exposições a herbicidas à base de glifosato e o aumento do risco de linfoma não-Hodgkin. No entanto, são cautelosos quanto à interpretação dos dados numéricos específicos, que carecem de estudos mais aprofundados.

Sistema imunológico

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença afeta o sistema linfático, integrante do sistema imunológico, que ajuda o organismo a combater doenças. Como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, o linfoma pode começar em qualquer órgão. Pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. Por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas adultas.

Princípio ativo do Roundup da Monsanto, o glifosato vem sendo usado cada vez mais desde meados da década de 1970, quando entraram no mercado as sementes transgênicas, a grande maioria delas modificadas geneticamente para resistir a doses cada vez maiores de glifosato. Ambos os insumos agrícolas são fabricados pela própria Monsanto.

O linfoma é o mesmo que vitimou o jardineiro da Califórnia DeWayne Johnson. Em agosto, a Monsanto foi condenada, em primeira instância, a indenizá-lo em US$ 289 milhões. Em outubro, a juíza Suzanne Ramos Bolanos confirmou a condenação, embora tenha reduzido o valor da indenização para US$ 78 milhões.

Johnson utilizou Roundup e outros herbicidas a base de glifosato durante muitos anos, sem proteção, por desconhecer os riscos a que estava exposto.

Há dez dias, a Justiça Federal no Kansas, Missouri, nos Estados Unidos, acolheu ação coletiva contra a Bayer, que incorporou a Monsanto no ano passado. O advogado dos consumidores das empresas sustenta que o herbicida a base de glifosato ataca a flora intestinal e destrói bactérias benéficas que ajudam o organismo a prevenir doenças.

E mais: o advogado afirma que a companhia alemã repete o mesmo discurso mentiroso da Monsanto, de que o glifosato age em enzimas que não estão presentes no organismo humano e nem nos animais de estimação – razão pela qual faz mal à saúde.


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