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2 de fevereiro de 2019
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12:18

Após reforma na Itália, muitos aposentados recebem abaixo do salário mínimo

Por
Sul 21
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Manifestação contra as reformas feitas na itália | Foto: Reprodução CUT/RS

Da CUT-RS

“A primeira reforma previdenciária na Itália criou uma diferença de renda gigante entre quem recebia pelo modelo anterior e os jovens, que passaram a contar apenas com suas próprias contribuições previdenciárias. Hoje, muitos aposentados que recebem por esse sistema contributivo chegam a ter pensões abaixo do salário mínimo, o que é algo completamente indigno”.

A denúncia, que deve alertar trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, foi feita pela dirigente da Central Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Sandra Pareschi, durante visita na manhã desta quinta-feira (31) à sede da CUT-RS, em Porto Alegre. Ela foi recepcionada pelo presidente Claudir Nespolo, as diretoras Vitalina Gonçalves e Maria Helena de Oliveira, o diretor Antonio Guntzel e a funcionária do Istituto Nazionale Confederale di Assistenza (INCA-CGIL), Saraí Brixner.

A dirigente da CGIL lembrou que “antigamente o trabalhador, que perdia seu emprego faltando cinco anos para se aposentar, recebia do nosso INPS os valores necessários para contribuir no período e dar entrada no pedido de aposentadoria”. Agora, segundo ela, “isso mudou com a primeira grande reforma previdenciária da Itália, em 1995, quando foi implantado um modelo contributivo, semelhante ao regime de capitalização existente em outros países”, como no Chile.

Assim como no Brasil, o atual governo da Itália é de direita. “É muito fascista, machista, racista e foi eleito prometendo coisas que não vai cumprir”, explicou Sandra, que é dirigente da maior central sindical do país, com mais de 5,5 milhões de filiados. Lá como aqui, a Previdência tem sido pautada pelas elites para retirar direitos dos trabalhadores e aposentados.

A denúncia foi feita pela dirigente da Central Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Sandra Pareschi | Foto: CUT/RS

“Sem trabalho e sem aposentadoria”

“Na Itália nós tivemos uma reforma atrás da outra, quando o nosso INPS foi considerado deficitário pela direita. O nosso instituto nacional de Previdência abarca outras coisas, como o seguro desemprego, auxílio doença, enfim, uma série de benefícios sociais”, frisou.

Sandra contou que “deram um golpe na classe trabalhadora quando aumentaram a idade mínima para aposentadoria das mulheres, que subiu para 67 anos, assim como para os homens”. Antes, as mulheres se aposentavam com 60 anos e os homens com 65. Também subiram o tempo de contribuição, que era de 35 anos, para 41 anos.

“Os partidos que chegaram ao governo prometeram que iam retirar essa péssima reforma. Agora fizeram uma minirreforma, que se chama cota 100, que é a soma dos anos de contribuição com a idade da pessoa, mas tem que ter o mínimo de 38 anos de contribuição e a idade mínima de 62 anos”, salientou a sindicalista. Com isso, na prática, vários trabalhadores não se encaixam na cota 100, que será 102, 103 e assim por diante, dependendo do tempo de contribuição.

É uma versão piorada da fórmula 85/95, sancionada pela presidenta deposta Dilma Rousseff, em 2015, que este ano passou para 86/96, porém sem tempo mínimo de idade nem de contribuição. Essa regra foi negociada com as centrais sindicais do Brasil como alternativa ao nefasto fator previdenciário, criado pelo governo FHC, em 1997, que reduz até 40% o valor dos benefícios.

“Hoje, na Itália, quanto mais alguém vive, mais tem de trabalhar. Minha irmã mais nova fez os cálculos e terá de trabalhar até os 70 anos. Diga-me você: qual empresa dá um posto de trabalho para uma pessoa com mais de 70 anos? A probabilidade é de que ela fique sem as duas coisas: sem trabalho e sem aposentadoria”.


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