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7 de janeiro de 2019
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18:12

Ulbra faz demissão em massa de profissionais; pelo menos 180

Por
Luís Gomes
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Demissões ocorreram no campus da Ulbra em Canoas | Foto: Arquivo/Ulbra

Luís Eduardo Gomes

A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) realizou no final da semana passada um processo de demissão em massa. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, seriam pelo menos 180 pessoas demitidas no setor administrativo apenas no campus de Canoas, o principal da instituição, e novas demissões devem ocorrer nesta semana, desta vez no corpo docente. A Ulbra confirma que está passando por uma “reestruturação”, mas não informa o número de profissionais desligados.

Diretora de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Privado dos Vales do RS (Sintep Vales) e funcionária do quadro administrativo da Ulbra Canoas, Marli Magali Neinhardt é quem informa que foram realizadas pelo menos 180 demissões entre quinta (3) e sexta-feira (4) da última semana. Ela diz que o sindicato ainda não tem uma informação completa sobre o número de demitidos na instituição, mas que o número total deverá superior ao apurado até o momento. A Ulbra conta 15 campus de ensino superior, sendo nove deles no Rio Grande do Sul e seis em outros estados, além de administrar 15 escolas de educação básica.

“A gente não sabe que critérios eles usaram e desde quando estavam fazendo essa análise para a decisão. É uma coisa que não informaram. Quando voltamos do feriado, no dia 2, já estava tudo preparado”, diz.

Marli lamenta as demissões, mas entende que a universidade está em uma crise financeira, perdendo alunos e que essas decisões visam reerguer financeiramente a instituição. “O ano inteiro passado a gente não tinha salário em dia”, diz. “Infelizmente, a gente teve que passar por isso. Só espero que eles cumpram com essas obrigações e paguem as verbas de rescisão. Demitir sem pagar é muita sacanagem”.

Procurada, a assessoria de imprensa da Ulbra informou que nenhum representante da instituição está dando entrevistas sobre o assunto e encaminhou uma nota à reportagem em que confirma o processo de demissões, mas não informa o número de profissionais desligados. “A AELBRA (Associação Educacional Luterana do Brasil), mantenedora da Ulbra, comunica que realizou nesta quinta-feira (3) e sexta-feira (4) um ajuste em seu quadro administrativo. A medida tem o objetivo de adequar a Instituição ao momento pelo qual passa o Ensino Superior no país. Destacamos que a rotina acadêmica da Instituição segue normalmente”, diz a nota.

Vitória* trabalhava há quase 26 anos no setor administrativo da Ulbra. Foi o seu primeiro emprego e esperava que, com mais seis anos, poderia se aposentar sem ter outro. No entanto, na quinta-feira passada, foi chamada ao lado de outros funcionários do seu setor e informada de que estava sendo dispensada. Ela diz que circula a informação entre os funcionários de que, somente naquele dia, 170 pessoas teriam sido demitidas, fora as que perderiam o emprego no dia seguinte e em outros campi. “A gente chega numa sala de aula e na outra, do lado, tinha mais um pessoal sendo demitido”, relata.

A preocupação da funcionária agora é sobre a capacidade da Ulbra pagar as rescisões na íntegra, dados os problemas financeiros enfrentados pela universidade, materializados no atraso de salários ao longo de 2018, e no elevado número de pessoas demitidas simultaneamente. “Eu achava que, por pior que as coisas estivessem, iam dar um jeito. Achava que ia conseguir me aposentar. Agora é seguir em frente e procurar outra emprego. Fazer o quê, tem que trabalhar”, diz.

Mais demissões

Pelo que a reportagem apurou, as demissões ainda não atingiram o corpo docente da Ulbra, mas uma nova rodada de desligamentos pode ser anunciado até a próxima quinta-feira (10). Essa é a expectativa de Marcos Fuhr, diretor de Políticas Sociais, Serviços, Esportes e Lazer do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS).

Fuhr avalia que o período posterior ao encerramento de semestres, isto é, janeiro e julho, costumam ser marcados por demissões nas instituições do ensino superior e que processos semelhantes estão ocorrendo em outras universidades. No entanto, ele destaca que, nos últimos anos, a Ulbra teve um número de demitidos menor do que de outras universidades e que, por isso, imagina-se que os desligamentos desse ano sejam em maior número. “O grande problema é a redução progressiva de alunos, o que compromete a manutenção do corpo docente”, avalia.

O sindicalista acredita que ao longo da semana será possível ter um quadro mais preciso a respeito do número de demitidos no processo.

(*) A funcionária pediu para ter seu nome preservado para não prejudicar a sua busca por num novo emprego


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