Geral
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12 de janeiro de 2019
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20:43

Indígenas guarani apresentam cápsulas e bala ao MP Federal e relatam ameaças

Por
Sul 21
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Indígenas entregaram a procurador cápsulas e bala encontradas na areia. (Divulgação)

Marco Weissheimer

O Procurador da República Pedro Nicolau, do Ministério Público Federal de Porto Alegre, esteve neste sábado (12) na Retomada Guarani Mbya da Ponta do Arado, bairro Belém Novo, Porto Alegre, para conversar com a comunidade e colher maiores informações sobre o episódio do ataque a tiros e ameaças de morte contra a comunidade, na madrugada de sexta-feira (11).

Durante a visita do procurador, os indígenas relataram os fatos ocorridos e apresentaram cápsulas e bala de pistola que ficaram na areia da praia localiza em frente aos barracos onde vivem os indígenas. Segundo os indígenas, esses artefatos foram encontrados depois que a Polícia Civil esteve na área fazendo a perícia. Os policiais também encontraram cápsulas de arma de fogo deflagrada. Ainda segundo os indígenas, soldados da Polícia Militar estiveram no local neste sábado e disseram para a comunidade para que não cruzassem a cerca instalada no local pelo empreendimento imobiliário Arado Velho.

Para Roberto Liebgott, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi-Sul), a cerca é uma ilegalidade contra a comunidade, pois a obriga a viver em espaço limitado, sem acesso a estrada e a água potável. A empresa, assinala Liebgott, mantém guardas de segurança privada ao lado dos barracos dos indígenas durante as 24 horas do dia. Além disso, colocaram sobre a cerca sensores eletrônicos com o objetivo de controlar os movimentos dos Guarani. Na comunidade vivem cerca de 30 pessoas.

Cápsulas de projéteis entregues às autoridades. (Divulgação)

Neste domingo, a partir das 15h, ocorrerá uma vigília na praça central de Belém Novo em apoio à retomada Mbya Guarani na Arado Velho. Haverá coleta de alimentos que serão doados à retomada, em especial açúcar, arroz, mandioca, café, feijão, batata doce, erva mate, moranga e farinha de milho.

O Conselho Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul (CEDH-RS) divulgou nota neste sábado, manifestando grave preocupação com o que define como “graves fatos ocorridos no Ponta do Arado Velho”. O CEDH-RS assinala que a situação “é objeto de processo judicial em curso e que há determinação judicial autorizando a permanência da Comunidade Guarani na área que ocupa”. Além disso, pede às autoridades, especialmente da Segurança Pública, para que “sejam adotadas as imediatas e urgentes medidas necessárias à preservação das vidas e da segurança de todas e todos integrantes daquela Comunidade Indígena”.

Na sexta-feira, a Arado Empreendimentos Ltda. divulgou nota afirmando que ˜está buscando informações acerca do que possa ter ocorrido e se efetivamente ocorreu, registrando que os funcionários da Fazenda não ouviram qualquer barulho anormal durante a noite”. “Por ser proprietária da área e ofendida diante da invasão ilegal que está em curso, a empresa é a maior interessada na elucidação dos fatos e na verificação acerca de efetivamente ter ocorrido algum incidente análogo ao que vem sendo divulgado”, diz ainda a nota.


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