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5 de novembro de 2018
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20:46

Com o tema ‘Resistir pra não morrer’, Parada Livre lança campanha de financiamento coletivo

Por
Sul 21
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Maior parte do dinheiro necessário é para garantir a infra-estrutura, como o palco e aparelho de som | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

O mais tradicional evento da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) do Rio Grande do Sul, a Parada Livre de Porto Alegre, precisa do apoio da comunidade para garantir a realização da 22ª edição, marcada para o dia 18 de novembro. Isso porque no dia 29 de outubro, a menos de um mês da data marcada, a produtora que havia firmado contrato para garantir a infraestrutura e buscar patrocínios informou à organização que não iria cumprir sua parte do acordo.

Agora, é necessário arrecadar pelo menos R$ 20.000 para que o evento conte com uma estrutura básica, como palco, som, luz, gerador e plano de prevenção contra incêndios. A organização da Parada lançou uma campanha de financiamento coletivo no apoia.se, em que já conseguiu quase R$ 7.000 desde que foi lançada, há três dias. Para garantir que haja também três trio elétricos, banheiros químicos, camarins e materiais gráficos, a meta é de R$ 40.000.

Segundo Gabriel Galli, coordenador da Somos, uma das 20 organizações que compõem a Parada, a produtora em questão foi quem contatou os responsáveis pelo evento, e a parceria foi firmada no ano passado. O plano era que a mesma produtora ficasse encarregada, em 2017 e 2018, de garantir a infraestrutura da Parada em troca do direito de buscar patrocínios para o evento. Isso ocorreu após o atual prefeito, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) decidir que a prefeitura não continuaria com a parceria que já ocorria há 20 anos.

A organização recebeu um e-mail da produtora para informar que não cumpriria sua parte do acordo. “Isso nos deixou muito aflitos e nós vamos acionar judicialmente. Mas é importante nesse momento colocar milhares de LGBTs na rua em Porto Alegre, então decidimos que vai ter que acontecer, nem que seja com megafone na mão”, aponta Gabriel. O cenário político atual, em que Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente no dia anterior à desistência da produtora, é um dos motivos pelos quais é importante que haja essa resistência.

Gabriel lamenta também a data escolhida para anunciar a descontinuidade da parceria, justamente por ter sido um dia após a eleição de Bolsonaro, conhecido por seus posicionamentos homofóbicos. “A gente recebeu a notícia um dia depois do segundo turno que elegeu um candidato que prega coisas horríveis em relação à população LGBT, que se elegeu com base em notícias falsas sobre o suposto ‘kit gay’. Mas isso nos estimulou também a não baixar a guarda, levamos um baque mas não vamos baixar a cabeça”, garante.

É também neste sentido que surge o tema “Resistir pra não morrer”. “A 22ª Parada Livre de Porto Alegre acontece em um momento de acirramento político onde o fortalecimento da população LGBT é uma forma de resistir e existir. Como uma construção dos movimentos sociais, estudantis e culturais, esse espaço se propõe a dialogar sobre a diversidade e alertar para a necessidade de barrar a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e travestis”, afirmam os organizadores no site da campanha virtual.


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