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10 de outubro de 2018
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18:59

Jovem com camiseta ‘ele não’ é marcada com canivete na Capital e delegado minimiza: ‘isso não é uma suástica’

Por
Sul 21
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Jovem com camiseta ‘ele não’ é marcada com canivete na Capital e delegado minimiza: ‘isso não é uma suástica’
Jovem com camiseta ‘ele não’ é marcada com canivete na Capital e delegado minimiza: ‘isso não é uma suástica’
Amiga da vítima expôs imagem nas redes sociais, mas delegado diz que não é suástica | Foto: Reprodução/ Facebook

Da Redação

O responsável pela investigação do caso da jovem agredida na noite de segunda-feira (8) na Cidade Baixa, delegado Paulo César Jardim, afirmou nesta quarta-feira (10), em entrevista à Rádio Gaúcha, que o símbolo feito na menina com um canivete não seria uma suástica. “Isso não é uma suástica, eu tenho absoluta convicção”, disse ele à jornalista Kelly Matos. Para o policial, a imagem se parece mais com um “símbolo budista”.

Segundo o boletim de ocorrência feito pela vítima na 2ª Delegacia de Polícia Civil, ela estaria voltando para casa por volta das 19h30, na rua Baronesa do Gravataí, quando foi abordada por três homens ao descer do ônibus. Ela estaria usando uma camiseta escrita “ele não”, em referência ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) e os agressores passaram a interrogá-la. “A vítima passou a ser agredida com socos e enquanto dois a seguravam um deles fez riscos com um canivete na barriga da vítima”, consta no BO.

Segundo postagem de uma amiga da jovem nas redes sociais, ela também estaria com uma bandeira LGBT na mochila. No texto, ela relata ainda que o desenho feito na barriga da amiga, que é lésbica, seria uma suástica. “Uma suástica… o símbolo de um dos regimes mais cruéis da história, que assassinou judeus, ciganos, comunistas e homossexuais e que os culpou por todo o mal que assolava a Alemanha no início do século XX”.

É essa afirmação que é contestada pelo responsável pela investigação, que também é especialista em neonazismo. “Vejo um símbolo budista de amor, de fraternidade, um símbolo milenar. Não parece uma suástica, é exatamente o contrário. Até o presente momento, estou trabalhando com o que eu tenho, não posso imaginar. Se a gente começar dessa forma, posso imaginar qualquer coisa”, disse o delegado Jardim à Gaúcha.

Apesar do relato da própria vítima, o delegado minimizou a relação com o cenário político. “Vamos aguardar com calma, aguardar o desenrolar das investigações. Tem gente puxando por conotação política e não é por aí”. Outros casos têm sido registrados em diferentes partes do país de violência cometida por apoiadores de Bolsonaro. Na madrugada de segunda, um mestre de capoeira foi morto a facadas em Salvador por um apoiador do candidato do PSL que confessou motivação política. Na noite da terça-feira, um estudante da Universidade Federal do Paraná que usava um boné do MST foi violentamente atacado por um grupo da torcida da Império, do Coritiba. Aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”, o grupo de cerca de 15 pessoas vestidas com a camisa do time espancou o rapaz que estava em frente à Casa da Estudante Universitária (CEUC).

Ele afirmou, ainda, que está tentando contato com a vítima para pedir que ela vá à delegacia ainda nesta tarde para conversar sobre o ocorrido. O boletim foi feito na 2ª Delegacia de Polícia, mas a 1ª é a responsável pelo caso devido à área de abrangência. A polícia também irá verificar se existem imagens de câmeras de segurança e testemunhas que tenham presenciado a agressão.


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