Da Redação
Na terça-feira (18), a entrada do piquete Aporreados do 38 amanheceu com uma estrutura de madeira pregada na entrada principal. O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), responsável pela organização do Acampamento Farroupilha, determinou o encerramento da instalação que procurava reproduzir uma senzala.
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Logo na entrada, duas cenas mostravam manequins acorrentados e em situação de tortura. Posts em redes sociais denunciaram a violência da instalação. Além disso, ativistas, artistas e outros membros da sociedade questionaram o contraste do ambiente festivo aos fundos do piquete, onde são organizadas festas e churrascos, com a entrada.
Em nota, o MTG pede desculpas ao povo negro pelo “infeliz episódio” e afirma que discorda veemente da abordagem. A Prefeitura de Porto Alegre também se posicionou sobre o ocorrido, informando que repudia a exaltação ao período da escravidão no Brasil. Segundo o comunicado, a própria Prefeitura teria informado ao MTG sobre a existência da instalação e sobre a utilização de uma placa irregular onde se lia “Turismo de Galpão”. “A mostra do piquete sobre escravidão e senzala não fazia parte do Projeto Turismo de Galpão, coordenado pelo município. Este é um projeto que evidencia atividades culturais ligadas ao tradicionalismo, nos seus autênticos aspectos gastronômicos, musicais e artísticos”, afirma.
Segundo o MTG, por tratar-se de evento público, em espaço cedido pelo município de Porto Alegre, “os projetos são encaminhados à Secretaria de Cultura do município no momento da inscrição”. Assim, o Movimento só teria tomado conhecimento do conteúdo dos projetos após o início do evento e das avaliações. Uma comissão de avaliação aprovou a reprodução do Aporreados do 38, porém, de acordo com o MTG, o cenário foi alterado nos últimos dias, com a adição dos manequins.
Notícia publicada por GaúchaZH afirma que a coordenadora municipal de Igualdade Racial, Elisete Moretto, visitou o local. O coordenador do piquete, Cleonilton Almeida, foi convidado por ela para participar de um almoço com o Conselho Municipal dos Direitos do Povo Negro, nesta terça-feira, para que se discuta a construção de uma narrativa mais positiva.