Da Redação*
O Movimento Tradicionalista Gaúcho e o Conselho Municipal dos Direitos do Povo Negro se reuniram na tarde desta terça-feira (18) para conversar sobre propostas de trabalhos conjuntos a serem feitos. A iniciativa se deu após a polêmica causada por uma exposição no piquete Aporreados do 38, que representava uma senzala, com manequins amarrados a troncos representando pessoas escravizadas. Mais cedo, o MTG já havia determinado o encerramento da exposição.
Após o encontro, ficou determinado que uma nova exposição tomará o lugar daquela, desta vez com a participação ativa do movimento negro, que será o responsável por elaborar o conteúdo. A reunião aconteceu no piquete Mocambo e contou com a presença de representantes de diversas entidades e também do Aporreados do 38. Ambos os movimentos se mostraram preocupados em fazer trabalho conjunto que prossiga depois de finalizado o Acampamento Farroupilha.
O encontro foi mediado e proposto pela Coordenadoria Municipal de Igualdade Racial da Prefeitura de Porto Alegre. A nova exposição será aberta ao público às 19h desta quarta-feira (19), no próprio piquete.
Entenda o caso
Desde o dia 7 de setembro, quando o Acampamento Farroupilha foi aberto, na entrada do piquete Aporreados do 38 lia-se “Senzala” escrito em letras brancas no fundo preto. Na parte de dentro, a estrutura apresentava duas cenas onde manequins foram colocados presos a pedaços de madeira para ilustrar situações de tortura.
Nas redes sociais, a obra gerou controvérsia. Ativistas do movimento negro, artistas e civis usaram seus perfis pessoais em sites como o Facebook para se posicionar contra o projeto. Questionado pelo Sul21, o coordenador e monitor do piquete, Cleonilton Almeida argumentou que a instalação tinha como objetivo evidenciar essa parte da história, a qual julga ter a importância pouco reconhecida ao se falar na Guerra dos Farrapos. Ele argumentou que todos os anos era escolhido um “tema histórico” para ser retratado no parque.
O MTG já havia se manifestado em nota, pedindo desculpas ao povo negro pelo “infeliz episódio” e afirmando que discorda veemente da abordagem. “Ao mesmo tempo, reitera a importância da realização de trabalhos em prol da consciência e do respeito para com verdadeira cultura negra, como acontece, por exemplo, no próprio Acampamento Farroupilha, em piquetes como o Mocambo e o Lanceiros Negros Contemporâneo”, coloca o Movimento. A Prefeitura de Porto Alegre também se posicionou sobre o ocorrido, informando que repudia a exaltação ao período da escravidão no Brasil.
*Com informações do MTG