Geral
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25 de setembro de 2018
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22:27

Greve geral trava a Argentina e tensiona governo Macri

Por
Sul 21
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Da RBA

A greve geral contra as políticas econômicas recessivas do governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, realizada nesta terça-feira (25) em dezenas de cidades, foi considerada “um sucesso” pelo dirigente da Confederação Geral do Trabalho de Argentina (CGT) Juan Carlos Schmid.

Ele denunciou o “fracasso evidente” de Macri nas áreas econômica, social e política e destacou que o governo “está agindo em um país desigual, cada vez mais desigual”. A paralisação afetou serviços de transporte, aeroportos, escolas, indústrias, bancos e coleta de lixo e os trabalhadores prometeram que “não haverá trégua” se o mandatário não apresentar um “plano B”.

O movimento ocorre no mesmo dia em que Macri foi discursar na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, onde também vai se reunir com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. O objetivo é renegociar o empréstimo já acertado de US$ 50 bilhões (R$ 204,5 bilhões) por um valor ainda maior.

Do total negociado com o FMI, US$ 15 bilhões já foram utilizados para conter a corrida cambial de maio. O resto seria liberado a cada três meses, sempre e quando a Argentina cumprisse as metas acordadas – e que agora estão sendo revistas. Ele também busca passar a mensagem de que o país não vai decretar moratória da dívida externa, como em 2001.

O movimento paralisou cerca de 85% das atividades nas cidades, apesar de governadores aliados de Macri tentarem desmerecer a paralisação. O serviço de Metrô de Buenos Aires está paralisado desde às 20h do ontem (24). Além disso, houve mobilizações em vários locais, com destaque para a cidade de Mendoza, onde 20 mil argentinos protestaram em frente a sede do governo local.

“Vamos mostrar ao mundo a foto de um país que diz não. Não ao FMI.  Não ao orçamento do FMI. E não às demissões”, disse o deputado e líder da CTA Hugo Yasky, no ato de encerramento da manifestação em frente ao palácio presidencial.

No início da tarde, o presidente do Banco Central da Argentina (BCRA), Luis Caputo, pediu demissão do cargo, alegando motivos pessoais. O economista deixa a função após três meses de trabalho. Ele é o quarto dirigente do BCRA a renunciar em quatro meses. Ainda assim, ele defendeu a extensão do acordo de US$ 50 bilhões entre o governo argentino e FMI, dizendo que sai “com a convicção” de que as novas negociações “restabelecerão a confiança acerca da situação fiscal, financeira, monetária e cambial”.  Com o anúncio, o peso se desvalorizou em mais de 4%.

Não ao arrocho

Os trabalhadores e trabalhadoras argentinos protestam contra a escalada de demissões – desemprego subiu de 8,7% em 2017 para 9,6% entre abril e junho deste ano -, política de ajustes, a volta das discussões da reforma trabalhista fatiada, com proposta de flexiblização dos contratos e a retirada dos subsídios das principais tarifas que deve ser ampliada caso seja aprovado o novo Orçamento enviado ao Congresso na semana passada.

O Orçamento propõe o déficit zero exigido pelo FMI, o que significa mais cortes nos gastos sociais. Mas, a aprovação da proposta depende do Congresso, onde o governo não tem maioria e os parlamentares estão de olho na eleição presidencial do ano que vem. O governo argentino atribuiu a crise a fatores que escapam do seu controle, entre eles, a pior seca em 50 anos e a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mas, segundo Macri, o pior já passou e a economia deve voltar a crescer no segundo semestre.

O ministro da Produção, Dante Sica, disse considerar a greve geral “inoportuna” e afirmou que o governo continuará negociando com a oposição para conseguir um consenso.

Com informações de Opera Mundi, Página|12 e CUT


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