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26 de agosto de 2018
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11:51

Após três anos em obras, prédio do Instituto de Química agora abriga Centro Cultural da UFRGS

Por
Sul 21
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Antigo Instituto de Química agora abrigo o Centro Cultural da UFRGS. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Por Annie Castro

O prédio do antigo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) acaba de ser reinaugurado. O espaço, projetado para o curso de Química Industrial e inaugurado em 1926, agora abriga o Centro Cultura da UFRGS, e deve receber exposições, oficinas e eventos culturais.

Em uma primeira olhada, o prédio com a característica fachada amarela, voltada para o Parque Farroupilha, pode parecer o mesmo de anos atrás. Porém, por dentro, as estruturas arquitetônicas originais mesclam-se com as novas intervenções feitas pelo projeto “Resgate do Patrimônio Histórico e Cultural da UFRGS”, que desde 1998, apoiado pelo incentivo fiscal da Lei Rouanet e por doações de pessoas físicas e empresas, restaurou mais de dez prédios históricos da Universidade. As obras no antigo Instituto de Química começaram em 2015. De lá para cá, os espaços que serviam como laboratórios, salas de aula e unidades administrativas foram adaptados para comportar o novo Centro Cultural – que surgiu de uma demanda da UFRGS por um espaço para realizar eventos e atividades culturais.

Daniela Danieli participou do projeto de criação do Centro desde o início. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Pelos três andares do edifício é fácil notar o que foi incorporado com o restauro, como escadas mais modernas, elevador e portas de vidro, e o que continua como lembrança da estrutura inicial do prédio, como a escada de madeira original e o piso da entrada principal e do terraço. Segundo a produtora cultural do Centro, Daniela Danieli, 37 anos, que participou do projeto de criação do Centro desde o início, esse contraste é proposital. “Todas as intervenções ficaram muito marcadas pelo estilo arquitetônico de cada época para ficar bem claro o que é original e o que foi uma modificação de melhoria. É para preservar essa arquitetura, manter o que aconteceu em cada momento”, explica.

Além das marcas visíveis da arquitetura original, outras também foram surgindo ao longo do processo de restauro. Como em 1944 o edifício passou por obras para ampliar o espaço, aberturas que formavam detalhes nas paredes do segundo andar foram tapadas na época. Durante a restauração dos últimos anos, a equipe que trabalhava no local descobriu essas características e decidiu trazer de volta o formato histórico. Houve ainda pesquisa para chegar ao tom mais próximo a cor original do interior do prédio: um amarelo claro.

Outra preocupação que envolveu o projeto arquitetônico para o Centro Cultural foi tornar o prédio acessível para pessoas com deficiência físicas. Dessa forma, além do elevador e de rampas de acesso, nos três andares há piso tátil, assim como mapas em braille. Os nomes das salas e dos espaços também possuem uma versão nesse sistema de escrita. Até mesmo a entrada principal foi modificada. “Vai ser sempre pelos fundos do prédio por causa da acessibilidade, já que a escadaria da frente não permite”, explica Daniela.

Revitalização 

O prédio agora conta com diversos ambientes que serão utilizados para a realização de atividades voltadas ao público em geral ou à comunidade acadêmica. Distribuídos nos três pavimentos, há quatro auditórios, dois grandes e dois pequenos, que comportam, respectivamente, 160 e 60 pessoas, sete salas multiuso, cinco espaços expositivos – um deles, inclusive, já abriga uma exposição inaugural, que faz parte do SEURS, evento acadêmico que acontecerá no Centro Cultural entre os dias 28 e 31 de agosto – dois estúdios, saguão com copa de apoio e quatro banheiros.

Uma curiosidade que marca os três pavimentos é que cada um deles leva o nome de árvores comuns no Rio Grande do Sul: Ipê, Pinheiro e Araucária. Segundo Daniela, a escolha pretende provocar a ideia de “frutificação do conhecimento”, já que o Centro busca promover o debate e a circulação de ideias.

Por dentro do prédio estruturas arquitetônicas originais mesclam-se com novas intervenções feitas na revitalização. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Ainda na questão de estrutura, apenas o primeiro espaço se difere dos demais, uma vez que antigamente era utilizado como porão do Instituto de Química e, portanto, tem uma arquitetura que destoa dos demais pavimentos, como um pé direito mais baixo e algumas pequenas elevações nos rebocos, formadas pelo uso de produtos químicos nos laboratórios. “São coisas que também fazem parte da história do lugar”, reforça Daniela. Agora, o pavimento comporta a portaria, salas multiuso, a área administrativa e os estúdios. Há também um espaço que em breve abrigará um café, cujo edital para locação ainda não foi aberto.

De oficinas a visitas guiadas

Exceto pelos estúdios que são voltados para uso do Instituto de Artes da UFRGS, os outros ambientes do Centro serão utilizados pelas atividades permanentes ou de curta, média e longa duração, sendo todas gratuitas. Dentre as fixas estão previstas oficinas de escrita, de cerâmicas e aquarelas, que iniciam a partir do dia 10 de setembro, quando o prédio será oficialmente aberto ao público. Haverá também visitas guiadas teatralizadas, palestras voltadas para a terceira idade, o projeto ‘Conta mais’, que funciona como uma contação de histórias, e uma exposição de obras de artistas gaúchos cujo acervo pessoal é disponibilizado para a UFRGS. Apesar das atividades serem uma iniciativa da Universidade, também é possível alugar algum dos espaços para promover curso, evento ou oficina.

Por conta da equipe reduzida – além de Daniela, somente outras duas servidoras trabalham exclusivamente para o Centro, contando com o apoio de três bolsistas da UFRGS – o espaço ficará aberto de segunda a sexta das 9h às 12h e das 13h às 19h. Porém, Danila diz que a expectativa para o futuro é ampliar o horário de funcionamento, podendo abrir também aos sábados.

Veja mais fotos do Centro Cultural: 

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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