Giovana Fleck
O Rio Grande do Sul registrou 28 feminicídios em 2018. No entanto, os casos não representam os seis meses do ano. O primeiro feminicídio de 2018 aconteceu em março, em Porto Alegre. Uma mulher de 19 anos foi morta. Seu assassino alegou não ter dinheiro para pagar pela relação sexual. O último foi há cerca de duas semanas. Débora Forcolén, de 18 anos, morreu com um tiro, dentro de casa. Seu marido foi preso. Em sua defesa, disse que o disparo foi acidental.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, referentes a 2017, o Rio Grande do Sul ocupa a 7ª posição entre os estados brasileiros com a maior ocorrência de feminicídios – foram 83 casos. Porém, apenas em janeiro deste ano a denominação ‘feminicídio’ passou a constar em boletins de ocorrência.
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Em fevereiro de 2018, a Rede Minha Porto Alegre protocolou um pedido formal dirigido o secretário de segurança do Estado, Cezar Schirmer, para que o RS aderisse ao Protocolo Latino-Americano de investigação das mortes violentas de mulheres por razões de gênero. O protocolo é resultado do trabalho da divisão da Organização das Nações Unidas que pauta questões de gênero, a ONU Mulheres.
Clara Alencastro, uma das coordenadoras da Minha Porto Alegre, conta que a rede chegou a ter reuniões com representantes de Schirmer, mas não obtiveram resposta sobre a demanda. “Há uma epidemia de feminicídios. O protocolo é importante para que se investigue da forma correta essas mortes. Mas, principalmente, para que se faça um diagnóstico de como e quando isso está acontecendo para que se possa direcionar as políticas públicas.”
A coordenadora enfatiza que o protocolo pode salvar vidas, sem representar custo algum para o Estado. “Ninguém apresentou um motivo para não assinar o protocolo, mas o fato é que ele ainda não foi assinado”, afirma.
Por isso, a Minha Porto Alegre decidiu realizar um ato simbólico para sensibilizar o secretário sobre a importância e os impactos do Protocolo Latino-Americano. “Parem de nos matar”, lia-se na faixa amarrada entre os pilares do Viaduto Otávio Rocha. Segurando 28 balões que simbolizaram as mortes de 2018, mulheres se reuniram para protestar sobre o silêncio que envolve o tema e a falta de políticas públicas. “Depois que a mulher morreu, não adianta muita coisa”, diz Clara.
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