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22 de junho de 2018
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23:05

Inspiradas pela Argentina, brasileiras preparam ‘onda verde’ pela legalização do aborto

Por
Sul 21
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Ato pela legalização do aborto foi seguido por caminhada pelo centro de Porto Alegre. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

“Cadê o homem que engravidou? Por que a culpa é da mulher que abortou?”. A palavra de ordem entoadas por algumas centenas de mulheres, no início da noite desta sexta-feira (22), em uma caminhada pela avenida Borges de Medeiros, centro de Porto Alegre, indicou que a mobilização das mulheres argentinas atravessou a fronteira e chegou ao Brasil. E será para valer, garantem as organizadoras do ato pela legalização do aborto, realizado na Esquina Democrática.

Convocado simultaneamente em várias cidades brasileiras, o ato pretende ser o primeiro passo para a organização de uma mobilização massiva em todo o país, a exemplo do que está acontecendo na Argentina e também no Chile, onde estudantes ocuparam escolas e universidades em defesa de uma educação não-sexista, do fim do assédio e do abuso sexual.

O ato no centro de Porto Alegre foi convocado pelas redes sociais por um grupo de coletivos e ativistas feministas. A partir das 17h, um microfone foi aberto na Esquina Democrática para que as mulheres pudessem se manifestar sobre o tema. A presença do lenço verde utilizado pelas mulheres argentinas em sua luta pela legalização do aborto indicou o caráter internacionalista do movimento feminista que vem se articulando em vários países da América Latina. As palavras de ordem da manifestação também bateram na mesma tecla. “Te cuida, te cuida, te cuida seu machista, a América Latina será toda feminista”, dizia uma delas.

Recado das mulheres aos homens: “No uterus, no opinion”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

No curto prazo, no Brasil, um dos principais objetivos desse movimento é criar uma mobilização massiva para acompanhar a audiência pública que ocorrerá no Supremo Tribunal Federal nos dias 3 e 6 de agosto. A audiência foi marcada pela ministra Rosa Weber, relatora da ação que pede a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

“Hoje, essa não é uma luta entre aborto sim ou aborto não, mas entre aborto seguro, para quem tem dinheiro, e aborto clandestino. É uma mobilização em defesa da vida das mulheres”, disse Mariam Tessah, que ajudou a convocar o ato. Na mesma linha, Maria do Carmo, integrante da Marcha Mundial de Mulheres, disse que, hoje, só tem acesso a um processo seguro de interrupção da gravidez aquelas mulheres que podem pagar por ele. “Podemos estar numa conjuntura adversa para fazer esse debate, mas esse é o tempo que temos, é o tempo da vida das mulheres”, afirmou. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) participou do ato e convocou todas as mulheres e homens presentes a se comprometerem com a construção de uma mobilização massiva, a exemplo do que aconteceu e segue acontecendo na Argentina.

Após o ato na Esquina Democrática, as mulheres saíram em caminhada pela Avenida Borges de Medeiros em direção ao Largo Zumbi dos Palmares. Panfletos foram distribuídos à população falando sobre o sentido e os objetivos do movimento. “O aborto é uma prática definida como ilegal perante a lei que vitima as mulheres pobres. Queremos acabar com a hipocrisia que tanto nos mata. Legalizar o aborto é urgente”, dizia o material de divulgação da mobilização.

O ato desta sexta-feira, destacaram as organizadoras, foi o primeiro passo para isso. Será criada uma página, anunciaram, para servir como referência informativa dos próximos passos dessa mobilização. Enquanto ela não é criada, a página 8M Porto Alegre RS – Greve Internacional de Mulheres, no Facebook, trará informações sobre o movimento.

Galeria de fotos

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
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