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25 de abril de 2018
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22:25

Com apoio dos alunos, professores do IPA paralisam por melhores condições dentro do instituto

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Sul 21
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Com apoio dos alunos, professores do IPA paralisam por melhores condições dentro do instituto
Com apoio dos alunos, professores do IPA paralisam por melhores condições dentro do instituto
Estudantes iniciaram paralisação na noite de terça-feira. (Foto: Reprodução)

Giovana Fleck

“A nossa luta unificou”, gritavam os estudantantes do Centro Universitário Metodista IPA pelos corredores da instituição. Na noite da terça-feira (24), eles decidiram paralisar junto à seus professores que protestam contra atrasos nos salários e a falta de transparência da universidade sobre suas finanças e seu futuro. Essa é a primeira paralisação de professores dentro da instituição.

Em assembleia realizada no final da tarde de quarta-feira (25) no Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro/RS) , os professores oficializaram a paralisação. “Não temos mais estrutura emocional para ver vocês em sala de aula e saber que vocês não recebem”, afirmou a representante  dos estudantes em manifestação antes da votação.

Os professores questionam os atrasos em relação ao anúncio de um novo curso em sua grade, de Odontologia. Segundo eles, desde que a comunicação passou para a sede da rede em São Paulo, a classe deixou de obter respostas e ter um interlocutor constante. Em diversas manifestações na assembleia, os professores levantaram a indignação pela falta de certezas sobre seu futuro, tanto do ponto de vista dos docentes quanto dos estudantes.

Caroline Passos de Souza completou em 2018 três anos dentro do IPA, como estudante de psicologia. “Embora privadas as instituições devem garantir a democracia e transparência da gestão e, mais do que isso, dialogar com a comunidade acadêmica e respeitar os trabalhadores”, afirma, junto de seus colegas que compõem o movimento estudantil em apoio aos professores. Segundo eles, os últimos semestres também foram marcados pelas mudanças em currículos e encerramento de bolsas de iniciação científica.

“O antigo reitor não se fazia presente na gestão. A nova reitora foi muito acolhedora com os alunos e funcionários, promovendo encontros, mas percebemos que sua gestão é extremamente engessada por São Paulo. O centro metodista IPA é totalmente dependente das decisões de lá.” Assim, uma das críticas se refere à administração à distância, “não percebendo os reais problemas da instituição”, segundo Caroline. Ela conta que encontros foram realizados no último ano debatendo questões administrativas e os descontentamentos, mas não houve retorno. A partir disso, o movimento estudantil se organizou. Com as manifestações do dia 24, os professores também decidiram se posicionar de forma incisiva. “Não precisamos discutir se paralisamos ou não, eles já decidiram por nos”, afirmou uma das professoras enfatizando o veículo entre docentes e discentes.

Cesar Filomena é professor no IPA. Ele é enfático ao elucidar que a universidade é diferente. “Aqui a gente forma cidadãos. Nós somos uma instituição que colocou a questão das cotas antes de muitas outras. Trouxemos alunos que vieram do exterior por conta de guerras civis. Nos não estamos falando de uma instituição que se enquadra dentro das demais.” Para ele, o momento vivido pelo IPA é resultado de uma má administração – que não é concentrada na reitoria, mas em instâncias superiores. O professor conta que, há cerca de quatro anos atrás, a Igreja Metodista – que coordena as ações do IPA – decidiu centralizar suas redes em São Paulo. “Em um primeiro momento, isso veio como algo positivo. Mas hoje, a realidade é insustentável.”

Filomena fala de uma taxa de retorno de 18% na Universidade, considerada muito alta, e de uma densidade grande de alunos. “Acreditamos que o IPA é sustentável. As pessoas que estão aqui nutrem profundo carinho pela instituição – e disposição para reergue-la”, afirmou, ao final da assembleia. Ele também apontou a dependência do instituto em relação a programas como Fies e Prouni para a manutenção estudantil. “Nós não conseguimos nos enquadrar no novo programa do Fies. Isso é uma política nacional que nos prejudica de forma substancial. Além disso, somos mais de 200 professores e funcionários que podem perder trabalho. Mas a gente não quer isso, não só pela nossa vida profissional. Mas pelo trabalho histórico que viemos fazendo dentro do IPA.”

Procurada pela reportagem, a reitoria informou que não tinha um posicionamento oficial sobre a paralisação ou outras informações envolvendo o caso.

 


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