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3 de abril de 2018
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20:10

Maior financiamento coletivo do Brasil, ‘Queermuseu’ arrecada R$ 1 milhão para nova exposição

Por
Sul 21
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Em ato contra o cancelamento da exposição Queermuseu, no Santander Cultural, em setembro, movimento LGBT lembrou de representatividade | Foto: Guilherme Santos/Sul21


Da Redação

A campanha de crowdfunding para financiar a remontarem da exposição Queermuseu conseguiu chegar à marca de R$ 1.075.926. Ela se tornou assim o maior financiamento coletivo já feito no Brasil. No total, 1.724 pessoas colaboraram com a arrecadação, que foi encerrada no dia 29 de março.

A meta da campanha, para montar a exposição encerrada prematuramente no Santander Cultural de Porto Alegre, no ano passado, era chegar aos R$ 690 mil. A Queermuseu será colocada agora na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro.

A remontagem, prevista para estrear em junho deste ano, terá ainda uma plataforma de debates pela liberdade de expressão e contra a censura, além de ter visitas guiadas com ativistas de movimentos LGBT.

A Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, montada na capital gaúcha no segundo semestre do ano passado, foi fechada depois que grupos conservadores começaram a fazer pressão na instituição. Em vídeos e campanhas nas redes sociais, eles acusavam obras de artistas como Lígia Clark e Adriana Varejão de incitarem pedofilia, zoofilia e ataques à Igreja Católica.

O valor veio de doações realizadas através do site Benfeitoria, além de ingressos doados por Caetano Veloso em show seu e obras doadas por outros 70 artistas.

Para Gaudêncio Fidélis, curador da exposição original, a polêmica provocada em torno da Queermuseu trouxe à tona um debate sobre diversidade e sexualidade, que estava na latente na sociedade. “Eu vejo o sucesso da campanha de financiamento como uma resposta a qualquer forma de cerceamento da liberdade de expressão e de escolha, transformando-se numa plataforma política, de diálogo, de enfrentamento do obscurantismo existencialista, do crescimento progressivo do fascismo que ameaça o país”.

Ele ainda salienta que o momento em que a exposição volta a ser aberta, depois de censura pelo Santander e pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB), do Rio de Janeiro, é “privilegiado”.

“Acho que vai ser um momento privilegiado para que a gente dê continuidade a esse debate tão necessário. Ela manda uma mensagem para setores obscurantistas que fecharam e atacaram a exposição, de que censura não é aceita e que o conhecimento deve ser acessado por grandes parcelas da população”.

Imagem: Divulgação

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