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10 de abril de 2018
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16:18

Estudantes questionam processo eleitoral no DCE da PUCRS e reclamam de ação da Brigada Militar

Por
Sul 21
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Estudantes reclamaram do uso de spray de pimenta pela Brigada Militar. Foto: Gabriele Lima/Divulgação

Da Redação

Representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) acionaram a Brigada Militar na noite de segunda-feira (9) após estudantes se reunirem em frente ao Diretório para questionar a legalidade das eleições da entidade, previstas para acontecer nesta terça (10) e quarta (11). Segundo representantes do Centro Acadêmico Arlindo Pasqualini (CAAP), os alunos foram impedidos de entrar no espaço por integrantes do próprio Diretório, que chamaram, mais tarde, a Pró-Reitoria de Extensão e os seguranças da Universidade, além da Brigada Militar.

Dezenas estudantes teriam se deslocado do Prédio 11 da Universidade para a sede do DCE após uma reunião aberta para debater a legitimidade das eleições, convocada pelo Movimento Aurora – grupo de estudantes que debate questões jurídicas e políticas que envolvem a Eclipse. A entrada foi imediatamente barrada e os oficiais foram chamados. De acordo com a estudante de Publicidade e Propaganda Jéssica Michalski, o movimento teria negociado a entrada de três estudantes para questionar a situação das eleições. A estudante ainda relata que os alunos foram vetados de entrar e teriam sido agredidos com sprays de pimenta, socos e pontapés pela Brigada Militar. Procurada pelo Sul21, a Brigada Militar preferiu não se manifestar sobre a ação.

As eleições convocadas às pressas pelo DCE são contestadas por uma parcela dos alunos. “O movimento estudantil independente esperava por respostas e, ao invés de prestar contas aos estudantes, a diretoria da Eclipse chamou a polícia. Para eles, quem aspira a democracia deve respirar spray de pimenta”, afirmam representantes do CAAP, por meio de nota.

Dezenas de estudantes se reuniram em frente ao Diretório Central dos Estudantes (DCE). Foto: Diego Nuñez/Divulgação

Mudança no estatuto e “eleições fantasmas”

A atual gestão do Diretório, Eclipse PUCRS, tem sido alvo de denúncias de estudantes da Universidade desde o final do ano passado, que questionam a legalidade da alteração estatutária e, agora, das eleições. Desde 2014, o DCE da PUCRS conta com eleições anuais, convocadas através de uma Assembleia Geral que deve ser realizada até novembro do ano que precede as votações. O Conselho de Entidade de Base (CEB), que conta com reunião dos centros e diretórios acadêmicos (CAs e DAs), não foi realizado, resultando na não convocação da Assembleia em 2017.

Nos 20 anos anteriores à eleição de 2014, o DCE da PUCRS era gerido por um grupo de estudantes que mantinham o espaço físico do Diretório fechado, além de não convocarem eleições. Durante 2011 e 2013, uma série de manifestações, que mais tarde dariam origem ao Movimento 89 de Junho, passaram a contestar a gestão. O movimento denunciou uma série de suspeitas de desvio de verbas e a postura antidemocrática da gestão à época, que, em 2014, foi destituída por meio de uma eleição.

Em dezembro do ano passado, uma reunião com os DAs e CAs foi realizada para informar que o estatuto do DCE havia sido derrubado pela atual gestão, que criou um novo documento. De acordo com a página Responde a gente, Eclipse PUCRS, a mudança foi efetivada sem a convocação de uma Assembleia Estatutária, não respeitando as diretrizes vigentes no estatuto anterior. Entre as mudanças estatutárias, estaria o prolongamento do mandato de gestão, que passaria de um para dois anos, além da substituição do CEB por uma organização em que o presidente do DCE seria o coordenador.

Sem aviso prévio e sem divulgação ou oportunidade de formação de chapas, eleições foram convocadas na primeira semana de abril, sendo previstas para acontecer na semana seguinte. No site da PUCRS não consta qualquer tipo de edital de convocação. A reportagem tentou entrar em contato com a Eclipse para esclarecer a situação, mas não obteve sucesso.

Em protesto contra as eleições previstas para acontecer nessa terça (10) e quarta (11), estudantes convocaram um ato, previsto para as 18h em frente à Escola de Direito da PUCRS.

A PUCRS se manifestou sobre o ocorrido em nota, informando que vai abrir uma sindicância para verificar o que houve.


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