Geral
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28 de março de 2018
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12:41

Júri popular condena a 17 anos de prisão homem que decepou mãos da ex-namorada

Por
Sul 21
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Da Redação

Na noite de 2 de agosto de 2015, Elton Jones Luz de Freitas tentou matar a ex-namorada que já não queria mais o relacionamento com ele. Com um facão com 39 cm de lâmina, ele passou a desferir golpes contra Gisela Santos de Oliveira. Os ferimentos foram diversos causando-lhe lesões de natureza gravíssima. Além da face, couro cabeludo e membros inferiores, Freitas ainda lesionou de forma cruel os braços e o pé direito de Gisele, que precisaram ser imediatamente amputados. Enquanto a mutilava, ele dizia: “Morra, sua desgraçada.”

Após 10 horas de julgamento, nesta terça-feira (27) Freitas foi condenado pelo tribunal do júri a 17 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. O réu está preso e não poderá apelar em liberdade. Ele respondia por tentativa de homicídio triplamente qualificado.

A vítima foi socorrida por vizinhos, que evitaram sua morte, chamando a SAMU.  Talvez a crueldade envolvendo o caso de Gisele choque, mas a realidade dela não é exceção e, muitas vezes, a sociedade prefere fingir que não vê. “Mesmo constituindo a representação mais drástica de violência contra as mulheres, é fácil encontrar quem classifique como uma briga de marido e mulher”, afirmou em entrevista recente ao Sul21 a delegada Tatiana Bastos, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Porto Alegre.

Levantamento de 2017, feito até setembro, apontava 247 tentativas de feminicídio no Rio Grande do Sul e 65 casos consumados. Foram, por exemplo, mais casos do que no estado do Rio de Janeiro, sem contar os últimos três meses do ano. E, isto, com base em análises processuais, sem que o termo conste, de fato, nas condenações.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídios do mundo. O número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. As mulheres negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.


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