Da Redação
A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) divulgou nesta semana um estudo que aponta que o debate público a respeito da exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira”, que estava ocorrendo Porto Alegre e foi cancelada em setembro passado, foi influenciado pela utilização de robôs. Em resposta, o curador da exposição, Gaudêncio Fidelis, diz que o levantamento “derruba a farsa” da narrativa de que o clamor popular levou ao fechamento da exposição, cancelada pelo Santander, proprietário do espaço em que ela ocorri, em 9 de setembro de 2017.
O DAPP analisou 778 postagens, no Twitter, entre a 0h de 08 de setembro e as 12h de 15 de setembro, e percebeu que 12,97% das postagens contrárias à exposição partiram de robôs digitais. Por outro lado, 7,16% das postagens favoráveis à exposição também partiram de contas que atuaram automaticamente no debate. No total, 8,69% das interações a respeito do assunto analisadas foram provenientes de robôs.
A pesquisa ainda demonstra que entre os apoiadores da exposição havia um maior espectro de discussão e diversidade de argumentos, enquanto no lado contrário havia maior unidade na argumentação. Já em termos quantitativos, os lados seriam equivalentes em número de contas e interações.
Em nota, o curador da exposição Gaudêncio Fidelis diz que o levantamento representa uma “marco reparador diante da mais extensa campanha difamatória já orquestrada na área de arte no Brasil”, uma vez que “descontrói definitivamente a narrativa, proclamada por alguns segmentos responsáveis pelos ataques e pelo próprio Santander, de que teria havido um clamor popular contra a exposição que justificaria o seu
fechamento”.
Ele ainda analisa que o apontamento de que havia maior diversidade de argumentos do lado favorável a Queermuseu, em combinação com a utilização de robôs, demonstra que houve um ataque concatenado e planejado à exposição. Gaudêncio conclui ponderando que desde o início caracterizou os ataques a Queermuseu como um “processo de censura consumado pelo Santander a partir de ataques difamatórios perpetrados por grupos obscurantistas”.