Geral
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27 de fevereiro de 2018
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20:48

Curador do Queermuseu diz que pesquisa sobre uso de robôs ‘derruba farsa’ de clamor popular contra exposição

Por
Luís Gomes
[email protected]
Obra de Bia Leite que integrava a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”

Da Redação

A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) divulgou nesta semana um estudo que aponta que o debate público a respeito da exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira”, que estava ocorrendo Porto Alegre e foi cancelada em setembro passado, foi influenciado pela utilização de robôs. Em resposta, o curador da exposição, Gaudêncio Fidelis, diz que o levantamento “derruba a farsa” da narrativa de que o clamor popular levou ao fechamento da exposição, cancelada pelo Santander, proprietário do espaço em que ela ocorri, em 9 de setembro de 2017.

O DAPP analisou 778 postagens, no Twitter, entre a 0h de 08 de setembro e as 12h de 15 de setembro, e percebeu que 12,97% das postagens contrárias à exposição partiram de robôs digitais. Por outro lado, 7,16% das postagens favoráveis à exposição também partiram de contas que atuaram automaticamente no debate. No total, 8,69% das interações a respeito do assunto analisadas foram provenientes de robôs.

A pesquisa ainda demonstra que entre os apoiadores da exposição havia um maior espectro de discussão e diversidade de argumentos, enquanto no lado contrário havia maior unidade na argumentação. Já em termos quantitativos, os lados seriam equivalentes em número de contas e interações.

“Cluster” vermelho demarcar apoiadores da exposição; “cluster” azul os contrários | Foto: Reprodução/FGV

Em nota, o curador da exposição Gaudêncio Fidelis diz que o levantamento representa uma “marco reparador diante da mais extensa campanha difamatória já orquestrada na área de arte no Brasil”, uma vez que “descontrói definitivamente a narrativa, proclamada por alguns segmentos responsáveis pelos ataques e pelo próprio Santander, de que teria havido um clamor popular contra a exposição que justificaria o seu
fechamento”.

Ele ainda analisa que o apontamento de que havia maior diversidade de argumentos do lado favorável a Queermuseu, em combinação com a utilização de robôs, demonstra que houve um ataque concatenado e planejado à exposição. Gaudêncio conclui ponderando que desde o início caracterizou os ataques a Queermuseu como um “processo de censura consumado pelo Santander a partir de ataques difamatórios perpetrados por grupos obscurantistas”.


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