Geral
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6 de dezembro de 2017
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21:47

Reunião na PUC termina em confusão: estudantes denunciam alterações no estatuto do DCE e agressão

Por
Sul 21
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Annie Castro

Uma reunião de representantes de centros acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) terminou em confusão na noite de terça-feira (05). Ana Luíza Teixera Nazário, advogada que representava o Centro Acadêmico Arlindo Pasqualini (CAAP), da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), acabou ferida quando outras pessoas tentavam impedir sua entrada no encontro. A jovem já registrou Boletim de Ocorrência por lesão corporal.

Desde 2014, as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUCRS acontecem anualmente, seguindo uma série de regras previstas no estatuto estipulado em janeiro do mesmo ano. Uma delas é que até o mês de novembro é necessário que seja convocada uma assembléia geral de estudantes, a fim de formar uma comissão eleitoral para as eleições do ano seguinte. Segundo a página Responde a gente, Eclipse PUCRS, formada por estudantes da universidade, a assembléia não foi convocada pela Eclipse, atual gestão que assumiu o DCE em abril deste ano.

Na publicação, os estudantes também afirmam que nem todos os diretórios e centros acadêmicos da universidade foram informados corretamente sobre a reunião para discutir o processo eleitoral, que a mesma havia sido divulgada apenas entre diretórios que apoiam a Eclipse e que alguns documentos desapareceram. A página ainda denunciou alterações no estatuto do DCE: “Na tarde/noite do dia 5 de dezembro, data marcada para a reunião, fomos informados que o estatuto do DCE havia sido destituído pela atual gestão que criou um novo com os seguintes erros que configuram um verdadeiro golpe: Alteração do estatuto do DCE sem uma assembléia estatutária e sem respeitar o estatuto anterior; visando atender seus interesses, o novo estatuto prolonga a gestão por dois anos (ou seja, a gestão da Eclipse foi estendida por um ano); extingue o conselho de entidades de base, e cria-se um organismo em qual o “presidente” do DCE é o próprio coordenador”.

Leia na íntegra a publicação:

Ana Luíza Teixera Nazário conta que ela e o colega Ramiro Castro, que representavam o CAAP da Famecos, foram impedidos de ingressar no Centro Acadêmico Visconde de Mauá (CAVM), no prédio 50, onde a reunião seria realizada. “Quando a representante do CAAP ingressou na sala, eu apresentei a procuração e minha carteira da OAB, o Ramiro se identificou também, e eles falaram que não iam deixar a gente entrar”, conta Ana Luíza. Além de ter o acesso negado, mesmo após afirmar que tinha por lei o direito de acompanhar seu cliente em qualquer reunião ou assembleia, Ana Luíza diz que foi agredida e ofendida por membros do DCE. Enquanto ela e integrantes de outros centros acadêmicos insistiam e argumentavam para a entrada dos advogados no local, Ana Luiza foi prensada contra a porta do CAVM: “O cara tentou fechar a porta e falou ‘tu não vai entrar’. Nisso eu tentei entrar e eles me empurraram. Aí deu todo um tumulto e eu fui agredida. Estou com meu braço e com minha costela machucados”.

Ana Luíza Nazário afirma que foi agredida durante reunião do DCE da PUCRS. Foto: Maia Rubim/Sul21

A advogada ainda relata que, na sequência, os membros do DCE chamaram a Brigada Militar e disseram que ela havia invadido a sala e os agredido. Ana Luíza registrou uma ocorrência por lesão corporal e afirmou que tomará as providências criminais necessárias por difamação e por ter tido suas prerrogativas profissionais violadas. “O que revolta é que eu fui agredida como advogada, não foi como militante ou como estudante da PUC, foi como advogada. Eu estava ali tentando exercer minha profissão”, afirma Ana Luíza.

Em nota, enviada ao Sul21, a PUCRS afirmou que por meio da área de Relacionamento Discente, acompanha e media todas as atividades junto à representação estudantil, e esteve presente, nesta terça-feira, 5 de dezembro, na reunião promovida pelo Diretório Central de Estudantes (DCE). Embora reconheça a independência da entidade, a mediação foi fundamental, com apoio da equipe de segurança, a fim de evitar um conflito maior. A Universidade segue acompanhando os encaminhamentos junto ao DCE e aos demais centros e diretórios acadêmicos”.

Procurado pelo Sul21, o DCE não quis se manifestar sobre o caso.

 

 


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