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28 de novembro de 2017
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17:56

Professores se acorrentam diante do Piratini em protesto contra Sartori

Por
Luís Gomes
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Professores Laerte (esq.), César (centro) e Antônio acorrentados diante do Piratini no início da tarde desta terça-feira | Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Com mordaças, correntes e cadeados em volta dos corpos e uma faixa negra com palavras de protesto contra o governo e pedindo que José Ivo Sartori (PMDB) negocie com a categoria, três professores se acorrentaram, desde às 10h desta terça-feira (28), ao gradis colocado entre o Palácio Piratini e a Praça da Matriz. A intenção é permanecer 24 horas no local para chamar a atenção para os resultados negativos do governo na educação e pressionar para a retomada das negociações com a categoria, que está em greve desde o dia 5 de setembro. Os três educadores são ligados ao 20º núcleo do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) – que engloba Canoas, Esteio e região – e explicaram que irão realizar um revezamento, a cada quatro horas, com outros integrantes do sindicato da mesma região.

O professor César Augusto Loizenbauer, que dá aula de História nas escolas André Leão Puente (Canoas) e Bairro do Parque (Esteio), destaca que o 20º é um dos núcleos do Cpers que defende a continuidade da greve e exige que o governo “negocie de verdade” questões como o fim do parcelamento e atrasos dos salários, o pagamento do 13º, melhorias na educação pública, que, segundo ele, “está sendo sucateada pelo governo”, e o reajuste salarial da categoria, uma vez que os salários estão congelados há três anos.

Antônio, monitor da escola Carlos Chagas, em Canoas | Foto: Maia Rubim/Sul21

Outro acorrentado, o professor Laerte Ferraz da Silva, que também dá aula de História na escola Guianuba (Sapucaia do Sul), diz que defende a continuidade da greve enquanto a única proposta do governo for de voltar a pagar em dia os salários desde que a Assembleia Legislativa aprove medidas de ajuste fiscal. “É claro que a gente sabe que isso também é uma manobra que vem com o ano eleitoral”.

Laerte avalia que o governo do Estado e sua “mídia aliada” foram desmascarados na semana passada com a divulgação de um parecer da Secretaria do Tesouro Nacional considerando que o RS não comprometeria o suficiente de sua receita com pessoal para que pudesse pactuar o Regime de Recuperação Fiscal com o governo federal, isto é, a soma das despesas com o pessoal, juros e amortizações não atinge o mínimo exigido de 70% da Receita Corrente Líquida. Segundo o professor, esse parecer demonstraria que o peso da folha de pagamento dos servidores não é tão grande como o governo quer convencer a sociedade.

O último dos acorrentados da manhã, Antônio Carlos Belmonte, monitor na escola Carlos Chagas (Canoas), destaca que o ato também tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade para os prejuízos que o governo Sartori vem causando à educação estadual. “Esse governo prejudica toda a sociedade com essa política de educação”, afirma.

Vigília

Como vem ocorrendo há meses nas terças-feiras, dia de votações na Assembleia Legislativa, o Cpers realizou hoje uma vigília na Praça da Matriz. A presidente do sindicato, Helenir Aguiar Schürer, no entanto, salientou que a Casa não deve votar nenhum projeto de interesse da categoria, tendo a manifestação de hoje caráter mais simbólico.

Além dos professores acorrentados, alguns núcleos do Cpers se reuniram no início da tarde na Praça para realizar uma assembleia de avaliação da greve, que foi prorrogada em votação na última sexta-feira. Segundo Helenir, ainda não há previsão de uma nova assembleia geral ou reunião de negociação marcada com o governo. Na noite desta terça, o Conselho Geral do sindicato se reúne e pode definir a data de uma nova assembleia.

A partir de amanhã, o sindicato inicia um processo de realização de plenárias no interior do Estado para discutir os projetos encaminhados pelo governo à Assembleia Legislativa que buscam reformar o IPE (Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul) e autorizar a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.

Confira mais fotos: 

Professores estão em greve desde o dia 5 de setembro | Foto: Maia Rubim/Sul21
Membros da tropa de choque da BM observam ato do Cpers | Foto: Maia Rubim/Sul21
Núcleos do Cpers fazem assembleia na Matriz | Foto: Maia Rubim/Sul21

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