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28 de outubro de 2017
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13:12

Memorial Luiz Carlos Prestes tem ato inaugural neste sábado

Por
Luís Gomes
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Memorial Luiz Carlos Prestes tem ato inaugural neste sábado
Memorial Luiz Carlos Prestes tem ato inaugural neste sábado
Memorial Luiz Carlos Prestes recebe acervo expositivo. Arquitetura do prédio é assinada por Oscar Niemayer | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Da Redação*

Vinte e sete anos depois de ser aprovado em projeto de lei na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o Memorial Luiz Carlos Prestes enfim será inaugurado oficialmente neste sábado (28). Os eventos de inauguração da instituição começaram já na noite de sexta-feira, com um cine-debate sobre o filme “Militares da Democracia”, de Silvio Tendler, e seguiu nesta manhã com um debate sobre a crise do capitalismo e a conjuntura latino-americana. No entanto, é a partir das 14h que ocorre o ato inaugural oficial, com apresentações musicais, ato político e abertura para visitação do público.

Projetado por Oscar Niemeyer e seu bisneto Paulo Sérgio, com a participação na execução do arquiteto Hermes da Rosa e projeto de iluminação de Peter Gasper, o memorial, localizado no começo da avenida Ipiranga, no bairro Praia de Belas, homenageia o maior nome do comunismo no Brasil e é a primeira obra de Niemeyer na Capital. Com uma área construída de 700 m², o prédio está dentro de um terreno com totalidade de 10 mil m², incluindo a sede da Fundação Gaúcha de Futebol (FGF). O prédio vermelho e branco, revestido de vidraças pretas, tem formato circular e é dividido em duas partes. Essa divisão interna é no formato do caminho trilhado pela Coluna Prestes. Fotos de arquivo da família se misturam a recortes de jornais e revistas e imagens de arquivo de partidos políticos. O material foi cedido ao Memorial pela filha mais velha de Prestes, Anita Leocádia, que acompanhou e aprovou o projeto desde o início.

As obras do Memorial começaram em 2012 e, apesar de poucos eventos e algumas visitas especiais, como a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em novembro do ano passado, o Memorial teve a data de abertura das portas alterada diversas vezes. Recentemente, foi alvo de um projeto de autoria do vereador Wambert Di Lorenzo (Pros) na Câmara que tentou extinguir a instituição, mas a ideia foi barrada.

“O Memorial tem um tripé: homenagear o patriota, o revolucionário e o comunista. Ele será um espaço não de um grupo de comunistas, mas da cidade de Porto Alegre”, diz Edson Ferreira dos Santos, vice-presidente do Memorial Prestes.

Quem foi Luiz Carlos Prestes

Nascido em Porto Alegre no ano de 1898, Luiz Carlos Prestes cresceu na rua Riachuelo, no centro da Capital. Em 1919, morando no Rio de Janeiro, se formou em Engenharia Militar pela Escola Militar do Realengo, uma espécie de precursora da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), e foi engenheiro ferroviário e tenente na capital fluminense antes de ser transferido de volta para o Rio Grande do Sul para construir a linha férrea entre Santo Ângelo e Giruá, na região das Missões.

Em 1924, em uma revolta contra o governo do presidente Artur Bernardes, Prestes marchou por mais de 20 mil quilômetros no Brasil no que ficou conhecido como Coluna Prestes. Partindo de Santo Ângelo, a Coluna chegou a ter 1500 integrantes quando passou pelo Mato Grosso. Para evitar conflitos com o Exército, se usava táticas de guerra de movimento para superar os adversários. Ainda assim, nos 25 mil quilômetros percorridos pela Coluna, houve 53 combates com as tropas. Em 1927, a Coluna terminou na Bolívia, onde se exilou.

Em 1931, Prestes foi morar na União Soviética, e depois retornou ao Brasil como membro da Internacional Comunista, acompanhado da alemã Olga Benário. No Brasil, Prestes foi aclamado como presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento antifascista. Ele buscou em contatos da época de capitão para consolidar uma possível tomada do poder. Em 1935, Prestes publicou um manifesto pela derrubada de Getúlio, o que levou o então presidente a declarar a ANL ilegal, e acarretou na insurgência chamada Intentona Comunista. O movimento foi combatido e derrotado pelas tropas fiéis a Getúlio, levando à prisão de Prestes e a deportação de Olga, grávida, para a Alemanha nazista. Lá, Olga deu à luz a Anita, única filha do casal, e tempo depois foi entregue à mãe de Prestes, Leocádia. Em 1942, Olga morreu em uma câmara de gás.

Prestes se casaria novamente em 1950 com Maria, com quem teve sete filhos. Ele foi eleito senador em 1946, liderando a bancada comunista na Assembleia Constituinte daquele ano, junto com outros parlamentares como o escritor Jorge Amado – que escreveu em 1942 o livro O Cavaleiro da Esperança, intitulado assim pelo apelido de Prestes – e o futuro guerrilheiro Carlos Marighella. Exerceu o mandato até 1948, quando retornou à clandestinidade após a nova cassação do Partido Comunista do Brasil (PCB). Após o golpe militar, Prestes se exilou novamente na União Soviética no fim dos anos 60, retornando ao País após a promulgação da Lei de Anistia. Ele apoiou Leonel Brizola nas candidaturas ao governo do Rio de Janeiro e à presidência nas primeiras eleições diretas, e foi aclamado como presidente de honra do PDT. Prestes faleceu em 7 de março de 1990, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.

*Com informações do Memorial Prestes 


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