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23 de julho de 2017
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14:53

Policial Civil é baleado durante fuga de delegacia superlotada em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Policial Civil é baleado durante fuga de delegacia superlotada em Porto Alegre
Policial Civil é baleado durante fuga de delegacia superlotada em Porto Alegre
Presos mantidos em delegacia de Polícia de Porto Alegre em fevereiro de 2016 | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Da Redação

A fuga de seis presos da carceragem lotada do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na zona leste de Porto Alegre, terminou com um policial civil baleado na panturrilha e encaminhado ao hospital. Segundo informações da Rádio Guaíba, na tarde de sábado (22), o grupo de presos teria quebrado cadeados das salas de custódio que vem sendo usadas como celas. Eles renderam o policial, pegaram sua arma e atiraram contra ele durante a fuga.

Outro policial que estava no local teria trocado tiros com os presos, mas cinco dos seis conseguiram fugir. Quatro deles foram recapturados pela Brigada Militar depois que o carro usado para a fuga colidiu em um poste na Avenida Ipiranga. A reportagem da Guaíba afirma ainda que a carceragem teria 14 presos no momento do ocorrido, dois acima de sua capacidade.

A UGEIRM – Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia – lançou uma nota sobre o caso chamando o ocorrido de “tragédia”.  E citando nominalmente o governador José Ivo Sartori (PMDB) e o secretário de Segurança Pública, Cezar Schirmer (PMDB), como responsáveis. Há cerca de dois anos os policiais civis vêm denunciando a situação de carceragens de delegacias superlotadas, desvio de função de agentes e péssimas condições para os próprios presos. As soluções apresentadas pelo governo do Estado desde então não tem funcionado.

Depois de imagens de presos algemados à lixeiras, no final do ano passado, a equipe de Segurança Pública arrumou como solução um ônibus-cela – o Trovão Azul – que não encontrava nem espaço para ser estacionado. O Centro de Triagem entregue como uma das soluções também teve problemas desde o início. Além de ser entregue incompleto, registrou fuga de presos logo no início.

“Bater na tecla de que o governo já tinha sido avisado há muito tempo, se torna repetitivo. Mas é necessário ficar bem claro de quem é a responsabilidade pelo tiro que atingiu o colega na tarde deste sábado. Os responsáveis são o governador do estado, o secretário de segurança e todas as autoridades da cadeia de comando da segurança pública do estado. A situação das carceragens vem sendo denunciada pela UGEIRM desde 2015. Nada foi feito, ou pior, foi feito e piorou a situação. Soluções mágicas como o trágico Trovão Azul, ou as Casas de Custódias, que nunca saem do papel, são apenas algumas soluções apresentadas pelo governo”, diz a nota da Ugeirm.

O sindicato diz que o fato em si não pegou ninguém de surpresa. “As delegacias não possuem nenhuma condição para abrigar presos. Não têm banheiros, não têm assistência médica, não têm a segurança necessária e, principalmente, os Policiais Civis não são treinados para trabalharem de carcereiros”.

A manifestação da Ugeirm cita ainda o presidente da entidade, Isaac Ortiz: “Vamos cobrar do governo uma atitude imediata. Vamos exigir que o governo acabe com essa situação de uma vez por todas. Não podemos mais admitir fatos como esse. Um colega ser baleado dentro do DEIC por presos em fuga, é o fim da linha para a segurança pública no nosso estado. Se dentro do DEIC não temos mais segurança para trabalhar, o que mais falta?”.

Ortiz anunciou que na próxima terça-feira deve reunir o Conselho de Representantes da Ugeirm para avaliar a situação e tomar alguma atitude para evitar que casos como esse se repitam.

Até o meio-dia de domingo a Secretaria de Segurança Pública não havia se manifestado sobre o caso em seus canais oficiais. No site oficial da pasta, a última notícia fala de Schirmer apresentando o Sistema de Segurança Integrada com Municípios – o SIM – em Garibaldi, na sexta-feira.


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