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6 de dezembro de 2016
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21:34

Justiça Militar absolve policial que matou jovem em abordagem na zona norte de SP

Por
Sul 21
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Justiça Militar absolve policial que matou jovem em abordagem na zona norte de SP
Justiça Militar absolve policial que matou jovem em abordagem na zona norte de SP
Douglas Rodrigues tinha 17 anos e concluiria o ensino médio naquele ano | Foto: Acervo Família
Douglas Rodrigues tinha 17 anos e concluiria o ensino médio naquele ano | Foto: Acervo Família

Rodrigo Gomes

Da RBA

A Justiça Militar de São Paulo absolveu o policial Luciano Pinheiro Bispo pela morte do estudante Douglas Martins Rodrigues, então com 17 anos, ocorrida durante uma abordagem, em 28 de outubro de 2013, no Jardim Brasil, zona norte da capital paulista. Para o juiz do caso, as provas foram insuficientes para demonstrar a culpa de Bispo. Um armeiro chamado a prestar esclarecimentos no processo teria demonstrado que a arma dispara com um chacoalhão. A decisão foi divulgada na tarde de ontem (5) e a família do jovem disse que vai recorrer da decisão.

Rossana Martins Rodrigues, mãe de Douglas, contou que, no momento em que o advogado lhe informou a decisão, seu sentimento foi do mesmo desespero que a tomou quando soube que ele tinha sido baleado. “Meu chão sumiu, entrei em desespero e comecei a chorar. Ele matou meu filho. Como isso pode ficar sem responsabilização?”, questionou. Para ela, o disparo não foi acidental. “Se o laudo diz que meu filho foi atingido de cima para baixo, como o policial pode ter disparado sem querer, de dentro do carro?”, pondera.

No dia em que Douglas foi morto, policiais foram à Rua Bacurizinho apurar uma denúncia de perturbação do sossego. Segundo testemunhas, sem dizer nada, Bispo disparou contra o peito do jovem que, ainda consciente chegou a perguntar “por que o senhor atirou em mim?”. A frase virou tema de campanhas contra a violência policial. “Nós queremos justiça para que isso não aconteça com outros jovens, porque a gente vive na periferia e sabe bem como são as abordagens policiais”, afirmou a mãe do jovem.

Para Rossana, se o disparo foi mesmo acidental, se Bispo não teve culpa alguma, alguém precisa responder pela morte de seu filho. “O Douglinhas não volta. Eu só quero justiça. Se o Estado compra uma arma que se comprovou por A+B que dispara com uma chacoalhada, tem de ser responsabilizado. Se a Taurus – fabricante que fornece armamento para a Polícia Militar paulista – vende uma arma que não tem nenhuma segurança, tem de ser responsabilizada”, afirmou ela. A família está analisando a possibilidade de abrir um processo contra a Taurus.


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