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13 de novembro de 2016
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12:36

Grafite dentro de Batalhão de Choque, em São Paulo, causa polêmica nas redes sociais

Por
Sul 21
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Grafite dentro de Batalhão de Choque, em São Paulo, causa polêmica nas redes sociais
Grafite dentro de Batalhão de Choque, em São Paulo, causa polêmica nas redes sociais
Grafite feito no batalhão da Rota que virou meme nas redes sociais com referência à chacina em Mogi das Cruzes (Foto: Reprodução/Instagram)
Grafite feito no batalhão da Rota que virou meme nas redes sociais com referência à chacina em Mogi das Cruzes (Foto: Reprodução/Instagram)

Da Redação

Grafites feitos por 12 artistas dentro de um batalhão da Rota – o maior batalhão de policiamento ostensivo do Brasil, parte da polícia militar de São Paulo – está causando polêmica nas redes sociais. Um dos desenhos mostra um policial do choque fardado de mãos dadas com um menino negro, sem camisa e de pés descalços.

Os artistas foram convidados pela PM para, segundo o portal IG,  “expor sua arte de forma permanente nas paredes de algumas unidades do Choque”. A iniciativa não foi bem recebida entre grupos que militam pela desmilitarização da polícia militar e denunciam a violência policial como, por exemplo, o Mães de Maio, que reúne familiares de vítimas da chacina promovida pelo  governo do estado de São Paulo em 2006, em resposta à facção Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação da PM terminou com 564 mortos.

Em resposta ao desenho, uma conta no instagram foi criada neste fim de semana sob o nome de “antichoque16”. Além da imagem que está dentro do 2º Batalhão de Polícia de Choque, o perfil postou mais duas imagens de pixos feitos por cima de grafites com os dizeres: “choque mata”.  A justificativa apresentada pelo perfil é de “os ataques são uma resposta aos grafiteiros que grafitaram dentro do batalhão da Rota, uma polícia que mata negro pobre todos os dias”.

A imagem original do grafite criticado nas redes também ganhou um detalhe de edição, um balão com uma fala do policial para o menino: “vamos ali em Mogi das Cruzes rapidinho?”. A fala irônica é uma referência a chacina de 5 jovens da periferia de São Paulo que foram sequestrados e levados a uma mata em Mogi das Cruzes, onde foram torturados e assassinados por três guardas civis municipais da capital, em outubro. A emboscada para matar os jovens foi arquitetada pelo Facebook e seria uma vingança pelo morte de um guarda durante um assalto, um mês antes.

De acordo com dados do 10º Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, só em 2015, 3.345 pessoas foram mortas por agentes de segurança pública no Brasil. Uma morte a cada três horas. O país também apresenta um dos piores índices de mortes de policiais do mundo, contabilizando 395 agentes mortos no passado.

A Rota – Rondas Ostensivas Tobias Aguiar – é subordinada ao Comando do Policiamento de Choque e dos grupos policiais mais controversos do país. Além de ter suas origens ligadas ao massacre de Canudos, no final do século XIX, ainda como “Batalhão Paulista”, é responsável pelo massacre do Carandiru, em 1992, que terminou com 111 presos mortos. Em 2010, o grupo foi centro de notícias de um ataque forjado a sua sede para desviar a atenção sobre investigações de práticas ilícitas entre policiais do batalhão. No ano seguinte, sua página oficial na internet celebrava o apoio ao golpe civil-militar que derrubou o presidente João Goulart, em 1964.


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