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8 de janeiro de 2016
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18:43

Pesquisadores da USP recebem senegaleses que vão ajudar no estudo do vírus zika

Por
Sul 21
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Pesquisadores da USP recebem senegaleses que vão ajudar no estudo do vírus zika
Pesquisadores da USP recebem senegaleses que vão ajudar no estudo do vírus zika

Flávia Albuquerque

Da Agência Brasil

Um grupo de pesquisadores do Instituto Pasteur, de Dakar, no Senegal, que estuda o vírus zika, chegou ao Brasil nesta semana para auxiliar a força-tarefa de cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) que se dedicam ao mesmo assunto.

Liderada por Amadou Alpha Sall, a equipe senegalesa tem experiência de mais de 15 anos no estudo do vírus e também participou do combate ao ebola no Oeste da África. O objetivo é transferir experiência e treinar os pesquisadores brasileiros, que devem ser multiplicadores, para agir em caso de surtos de zika. Eles permanecem no país até o dia 19.

Segundo o coordenador da Rede zika, Paulo Zanotto, que é e pesquisador do ICB, o grupo brasileiro trabalha nas áreas de entomologia, virologia e imunologia e os senegaleses vão colaborar para o estabelecimento de técnicas de isolamento e cultivo do vírus, na implantação de testes de diagnóstico molecular e sorológico e na relação do vírus com os vetores, a infecção no sistema nervoso e a microcefalia.

“Tudo agora é prioridade: diagnóstico, acompanhamento de grávidas, entender a biologia do vírus, ter a parte de entomologia encaminhada, o controle de vetores extremamente intensificada. Nossa prioridade é tentar evitar que crianças nasçam com problemas de má formação. A detecção molecular já está funcionando e a sorológica já teve resultados interessantes”, disse Zanotto.

Os pesquisadores estudam ainda a relação do zika com a microcefalia. Na opinião de Zanotto, neste momento, é interessante e mais seguro partir do pressuposto de que tal associação pode ter uma base causal. “Para lidar com o risco, não podemos simplesmente esperar que se estabeleça reação causal do vírus com a microcefalia. É muito mais sábio assumirmos isso como uma hipótese de trabalho e nos organizarmos para conter o vírus. E, como não temos vacina contra ele, o fundamental é o controle de vetores”, afirmou o pesquisador.

Zanotto explicou que a equipe também testará hipóteses levantadas em trabalhos anteriores sobre as diferenças e semelhanças entre o vírus que está no Brasil e o africano. “Vamos testar esses vírus e compará-los no contexto de infecções em células nervosas, macroencéfalos humanos e em camundongos. Esses estudos são importantíssimos para estabelecer a relação entre o vírus e a microcefalia.”

Segundo Zanotto, os pesquisadores estão fazendo o melhor possível para que a população esteja preparada para o verão, período em que há mais proliferação dos mosquitos transmissores, mas ainda não é possível prever quais serão os resultados ao final da estação.


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