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31 de julho de 2015
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12:47

‘Alta da especulação imobiliária cria novas periferias’, afirma Boulos

Por
Sul 21
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‘Alta da especulação imobiliária cria novas periferias’, afirma Boulos
‘Alta da especulação imobiliária cria novas periferias’, afirma Boulos
Bruno Alencastro/Sul21
O coordenador do MTST afirma que “os fenômenos urbanos que vimos nos últimos anos no Brasil foi o fenômeno de criação de novas periferias, por causa desse mecanismo de especulação imobiliária” | Foto: Bruno Alencastro/Sul21

Da RBA

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, Guilherme Boulos, afirmou que o crescimento da especulação imobiliária nas grandes cidades brasileiras é responsável pela criação de periferias e exclusão social. “Os fenômenos urbanos que vimos nos últimos anos no Brasil foi o fenômeno de criação de novas periferias, por causa desse mecanismo de especulação imobiliária”, destaca.

“O aluguel que custava 500 reais passou a custar mil reais. A pessoa que morava nessa região teve que sair de lá, e foi jogada para lugares cada vez mais distantes”, afirma.

Segundo Boulos, o volume anual de financiamento de crédito imobiliário para aquisição de moradia era de R$ 4,8 bilhões em 2005 e saltou para R$ 102 bilhões este ano.

“A moradia deixa de ser tratada como um direito social humano e passa a ser tratada como algo que o valor se define pelas situações da Bolsa, e cada vez mais nossas cidades são a expressão viva dessa mercantilização da terra e direitos”, diz o ativista.

Para Boulos, a falta de uma regulação pública no setor e uma política de crescimento baseada no crédito para consumo são os principais responsáveis pelo aumento no preço dos aluguéis. Guilherme afirma que as construtoras são as maiores beneficiadas por esse sistema. “A terra virou ouro nas grandes cidades brasileiras. Nelas teve um aumento médio de 2008 pra cá na casa dos 200%. Aqui o sistema financeiro despejou muito crédito para aquecer o mercado, dando poder às construtoras, sem regulação pública, assim, aumentando o preço da terra e os valores dos aluguéis. Uma parte expressiva dos trabalhadores mais pobres paga aluguel.”

O coordenador diz que o crescimento econômico nem sempre é sinônimo de inclusão social. Para ele, “é a lição de uma parte da nossa esquerda que ainda insiste em se apegar à ideia de que o crescimento econômico vai trazer inclusão social. Essa ideia é contradita por vários processos de crescimento econômico ao longo do tempo, a começar pela nossa história, o período de maior crescimento econômico foi durante a ditadura militar que foi o período de maior concentração de renda no Brasil”.

Boulos ainda defendeu a união da esquerda em pautas para uma reforma política e econômica como saída para a crise brasileira. “Nós temos que ter a capacidade de escutar a insatisfação social, mas apresentando um projeto de esquerda, popular e de reformas. As cidades brasileiras são explosivas, e nós temos condições de defender essas pautas e levantar um projeto político para o avanço, de forma unitária no campo popular do Brasil”, estabelece.


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