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23 de junho de 2015
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20:22

Caetano responde carta de Roger Waters sobre boicote a show em Israel

Por
Sul 21
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Caetano: 'Acho que o fato de eu cantar lá é neutro para a política do país'. Wikicommons
Caetano: ‘Acho que o fato de eu cantar lá é neutro para a política do país’. Wikicommons

Do Opera Mundi

“Eu vou cantar em Israel e prestar atenção ao que está acontecendo lá”, afirmou Caetano Veloso em carta publicada pelo jornal O Globo nesta terça-feira (23). A declaração vem em resposta ao apelo do ex-Pink Floyd Roger Waters pelo cancelamento de um show com Gilberto Gil previsto para 28 de julho em Tel Aviv.

“Meu coração é fortemente contra a posição de direita arrogante do governo israelense. Eu odeio a política de ocupação, as decisões desumanas que Israel tomou naquilo que Netanyahu (primeiro-ministro israelense) nos diz ser sua autodefesa. E acho que a maioria dos israelenses que se interessam por nossa música tende a reagir de forma similar à política de seu país”, argumentou Caetano.

A Opera Mundi, Pedro Charbel, coordenador latino-americano do Comitê Nacional Palestino de BDS e responsável pela mediação entre Caetano, Gil e Waters, afirmou que o ex-Pink Floyd  disse que “está aberto para continuar a conversa” e que há pontos na carta do músico brasileiro que “demandam resposta”.

No dia 22 de maio, Waters enviou uma carta para o comitê nacional palestino da BDS (campanha global de boicote, desinvestimento e sanções) em que pediu que Caetano e Gil cancelassem a apresentação em solo israelense. Ativista da causa palestina, o compositor comparou a campanha de boicote cultural no período do apartheid sul-africano com a atual situação de violações de direitos humanos contra palestinos em Israel.

“Quando a África do Sul estava sob o regime de apartheid, e eu soube que artistas estavam se recusando a tocar lá, concordei como que automaticamente com tal decisão”, rebateu Caetano. “A complicada situação no Oriente Médio não me mostra o mesmo tipo de imagem preto-no-branco que o racismo oficial, aberto, da África do Sul me mostrava então”, acrescentou.

Além de Waters, nomes como o Nobel da Paz sul-africano e importante figura na luta antiapartheid Desmond Tutu, o ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil Paulo Sérgio Pinheiro, além de quase 30 grupos de ativistas de movimentos sociais brasileiros também fazem coro pelo boicote ao concerto. Nesta semana, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse que “se estivesse no lugar” de Caetano e Gil, “cancelaria o show”.

 


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