Últimas Notícias>Economia
|
8 de agosto de 2016
|
17:59

Ajustes neoliberais apontam para cenário global de disputa político-militar, alerta Fiori

Por
Sul 21
[email protected]
O professor José Luís Fiori palestrou através de videoconferência. (Foto: Caroline Bicocchi)
O professor José Luís Fiori palestrou através de videoconferência. (Foto: Caroline Bicocchi)

Da Redação

Os efeitos do neoliberalismo no mercado global e suas possíveis consequências foram temas da palestra de José Luís Fiori, professor titular de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em uma atividade realizada em Porto Alegre pelo Instituto Novos Paradigmas (InP) no último sábado. Para Fiori, a etapa do desenvolvimento do capitalismo, hoje, em escala global, dá sequência ao desenvolvimento do “livre mercado” que, ao mesmo tempo em que gera as “desregulações”, necessárias para a expansão do mercado mundial, com o favorecimento dos países capitalistas centrais (hoje, com a parceria e a disputa da China como novo país dominante), gera resistências e bloqueios – ciclicamente – defensivos nos países pobres e intermediários, sejam eles exportadores de matérias primas, sejam eles “medianamente” industrializados como o Brasil.

Para o professor da UFRJ, o neoliberalismo deve ser compreendido mais como um instrumento político de unidade das classes ricas, nos países mais extorquidos por este comércio desigual, do que propriamente um modelo de desenvolvimento. Esta unidade visa bloquear conquistas populares mínimas de distribuição de renda, que é feita de forma direta pelo Estado, ou através de políticas sociais e educacionais. Porém, estes setores privilegiados internos sempre divergirão nas medidas a serem tomadas, quando deslocam os setores mais progressistas do governos: daí a necessidade de ditaduras ou “governos fortes” sustentados pela mídia, para fazer os ajustes “neoliberais”, cuja preliminar é a “saúde fiscal do Estado”, para continuar pagando e rolando a dívida, o que sempre exige mais impostos e menos gastos públicos de natureza social.

Para Tarso Genro, presidente do Conselho Programático do InP, a análise de Fiori abre um novo nível de reflexão no campo histórico e econômico-financeiro para a formatação de um novo projeto democrático para a esquerda. (Foto: Caroline Bicocchi)
Para Tarso Genro, presidente do Conselho Programático do InP, a análise de Fiori abre um novo nível de reflexão no campo histórico e econômico-financeiro para a formatação de um novo projeto democrático para a esquerda. (Foto: Caroline Bicocchi)

“O ideário do neoliberalismo é, na verdade, um instrumento para o ajuste financeiro do Estado, para que o comércio mundial continue andando de forma “normal” e desigual e os bancos continuem dominando a cena global, com o sequestro do Estado que já realizaram, porque o fazem através da arbitragem dos juros e demais custos que incidem sobre a dívida”. Finalmente, segundo Fiori, se avolumam elementos que apontam para um cenário de disputa político-militar dos mercados, para que os países altamente desenvolvidos possam manter os seus padrões de consumo riqueza (no topo). China e Alemanha são duas grandes novidades neste ciclo.

Tarso Genro, presidente do Conselho Programático do InP, afirmou que Fiori, com sua fala, “abre um novo nível de reflexão no campo histórico e econômico-financeiro para a formatação de um novo projeto democrático para a esquerda. Ainda no evento, Vinícius Wu, diretor-executivo do Instituto, apresentou a estratégia de atuação da instituição, além do site que estará em funcionamento nos próximos dias.

A próxima atividade do InP será realizada no fim deste mês em São Paulo e vai tratar sobre a judicialização da política e suas consequências para os regimes democráticos contemporâneos.

 


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora