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29 de abril de 2021
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22:36

População de Canoas rejeita retorno das aulas presenciais antes da vacinação de educadores

Por
Sul 21
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População de Canoas rejeita retorno das aulas presenciais antes da vacinação de educadores
População de Canoas rejeita retorno das aulas presenciais antes da vacinação de educadores
Ampla maioria dos canoenses que participaram da consulta rejeitaram o retorno neste momento | Foto: Reprodução

Luís Eduardo Gomes

Após consulta à população, a Prefeitura de Canoas decidiu não retomar as aulas presenciais na rede de ensino do município, mesmo com a autorização do governo do Estado para o retorno de todos os níveis de educação desde quarta-feira (28). A consulta realizada entre quarta e quinta-feira (29) apontou que a maioria expressiva da população da cidade é contra o retorno antes que ocorra a vacinação dos profissionais de educação.

Do total de participantes, 75,27% opinaram que as aulas na rede municipal de ensino deveriam ser retomadas apenas após a vacinação dos professores, com 24,73% defendendo que deveriam ocorrer antes. Levando em conta apenas os respondentes que são pais ou responsáveis de crianças em idade escolar, 71,16% defenderam que a retomada não deveria ocorrer neste momento e 28,48% que deveria ocorrer.

Em entrevista ao Sul21, o prefeito Jairo Jorge (PSD) saudou como “extremamente positiva” a participação da população canoense, que resultou em 14.005 respostas válidas — outras 2.738 descartadas por problemas de dados. “Se tu pegar esse corte, de pais ou familiares que têm crianças na escola, o resultado foi parecido. Setenta e um por cento entendem que deve voltar somente quando tiver a vacinação. É um resultado expressivo e não tem muita diferença [para o resultado geral]. Tu vê que é uma posição majoritária na sociedade”, disse o prefeito de Canoas, cidade com população estimada em 348 mil pessoas.

Jairo disse que a Prefeitura irá agora trabalhar “fortemente” para acelerar a vacinação. Nesta quinta, ele participou de uma reunião de uma associação de prefeitos com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, sobre a possibilidade de importação de três vacinas produzidas no país asiático. A tentativa dos prefeitos é encontrar uma alternativa à vacina Sputnik V, que estava encaminhada para ter milhões de doses compradas por consórcios de estados e municípios, mas foi barrada pela Anvisa na segunda-feira (26).

A intenção dos prefeitos é garantir ao menos uma quantidade de doses suficientes para vacinar os trabalhadores das redes municipais de educação. “Durante a vacinação dos idosos, foi feita uma grande mobilização para vacinar os profissionais de segurança, eu mesmo defendi. Só que eu defendi profissionais e os professores. Mas nós não vacinamos os professores. Não é prioridade? Tem que ser”, disse.

No momento, o governo do Estado aguarda um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito de uma ação que reivindica a antecipação dos profissionais de educação na ordem dos grupos prioritários para receber a vacina.

Enquanto a vacinação não ocorre, o prefeito de Canoas diz que irá preparar as escolas. Até a semana que vem, o governo municipal pretende concluir a entrega de novos uniformes para todos os estudantes. Ao longo do mês de maio, irá realizar uma avaliação para compreender qual é o nível de aprendizagem atual dos alunos da rede.

Além disso, irá mobilizar 5 mil beneficiários do auxílio emergencial canoense que estão prestando serviços para a Prefeitura durante 4 horas por mês para ajudar na organização das escolas. “Esse grupo irá trabalhar na organização da limpeza, na limpeza dos pátios, na manutenção das escolas. Nós vamos fazer uma força-tarefa para, nos próximos 30, 40 dias, organizarmos as escolas”, diz Jairo Jorge.

Outra cidade que decidiu manter as aulas suspensas na rede municipal foi São Leopoldo. Após o anúncio da permissão para a retomada das aulas pelo governo do Estado, na terça-feira, o prefeito Ary Vanazzi (PT) divulgou um vídeo em que afirmou que o município irá aguardar e observar as mudanças que ocorrerão na rede de saúde. “Nós continuamos muito preocupados ainda, porque nós temos 90% das UTIs ocupadas e 75% dos leitos clínicos”, disse.

Vanazzi destacou também que a Prefeitura irá fiscalizar o cumprimento de protocolos sanitários na retomada das aulas na rede privada do município. “Esperamos que isso não traga maior problema para a nossa cidade, que teve uma postura firme de cuidar da vida da nossa população”, disse.

Nesta quinta-feira, as escolas municipais de São Leopoldo retomaram a entrega de atividades impressas para os alunos, o que estava suspenso desde que o Estado entrou em bandeira preta no mês de fevereiro.

De acordo com a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), as prefeituras várias cidades da região ainda não autorizaram o retorno das aulas presenciais. Porto Alegre e Cachoeirinha liberaram a retomada das aulas no Ensino Infantil e nos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental em suas redes municipais nesta quinta.

Em Viamão, a previsão é de que as aulas presenciais sejam retomadas no dia 5 de maio, de forma escalonada. Em Gravataí, as atividades presenciais da educação infantil e dos primeiros anos do Ensino Fundamental estão previstas para começar no dia 4 de maio. Em Novo Hamburgo, as aulas da rede municipal permanecem remotas no momento, mas a Prefeitura local está preparando a adoção de um sistema híbrido.

Eldorado do Sul, Glorinha, Arroio dos Ratos, Nova Santa Rita e Santo Antônio da Patrulha ainda não tinham data definida para o retorno das aulas até o final da tarde desta quinta, segundo a Granpal.


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