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9 de abril de 2021
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18:29

Leite diz que RS está ‘saindo da UTI’ e anuncia relaxamento de restrições

Por
Sul 21
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Governador anunciou o relaxamento de restrições nesta sexta-feira | Foto: Reprodução

Luís Eduardo Gomes

Em transmissão realizada pelas redes sociais no início da tarde desta sexta-feira (9), o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou o relaxamento de restrições implementadas para o enfrentamento da covid-19 no Rio Grande do Sul.

Ao longo da live, o governador lançou mão de uma analogia de que o RS seria um paciente que estava em estado gravíssimo a partir do final de fevereiro e que, com a melhora dos indicadores nas últimas semanas, estaria evoluindo para um tratamento menos intenso, o que permitiria adotar menos restrições. Contudo, Leite ressalvou que, como o Estado permanecerá sob bandeira preta, a situação ainda é de risco altíssimo e exige cautela.

O governador destacou que o RS seguirá com todas as regiões em bandeira preta em razão da salvaguarda que estabelece a mais alta classificação de risco enquanto não houver 0,3 leitos livres para cada leito ocupado por paciente com covid-19 (atualmente está na casa de 0,1), mas que será liberada a adoção de protocolos da bandeira vermelha em razão do sistema de cogestão, que permite a adoção de restrições de uma bandeira abaixo daquela em vigor.

Os novos protocolos de enfrentamento à covid-19 permitirão, de segunda a sexta-feira, a abertura de supermercados em qualquer horário (antes restritos até às 22h), de restaurantes e lanchonetes até às 23h, com entrada até às 22h (antes restritos até às 20h), e de academias e serviços religiosos até às 22h (também estavam restritos até às 20h). Comércio não essencial e demais serviços em geral seguem permitidos até às 20h.

Já nos finais de semana, quando estava liberada a operação apenas do comércio essencial e de mercados, passará a ser permitida a operação de restaurantes e lanchonetes até às 16h (com entrada até às 15h), do comércio não essencial e de serviços em geral até às 20h, e academias e serviços religiosos até às 22h. Mercados, que antes estavam liberados até às 22h, nos finais de semana, não terão mais restrições.

O governador também anunciou a liberação de atividades em bandeira vermelha (pode ser adotada por municípios sob bandeira preta no sistema de cogestão). Feiras livres de comércio não essencial ficam liberadas para vender produtos como artesanato, desde que com distanciamento de 3m entre barracas.

Restaurantes poderão operar com 25% da capacidade máxima, com todos clientes sentados, com distanciamento mínimo de 2m entre mesas e ocupação de 5 pessoas por mesa, sem música ambiente e sem a possibilidade de confraternizações (haapy hour). Parques temáticos, de aventura, jardins botânicos e zoológicos que operem em locais abertos com Selo Turismo Responsável poderão operar com 25% da capacidade e respeitos aos protocolos sanitários.

Serviços de educação física poderão atender uma pessoa para 16m² de área, com grupos de no máximo 2 alunos para cada profissional habilitado e sem a possibilidade de compartilhamento simultâneo de equipamentos. Também ficam permitidos esportes individuais ou em dupla sem contato físico, como tênis, em grupos de no máximo 4 pessoas, desde que não haja contato, sejam realizados com agendamento prévio e intervalo mínimo de 15 minutos entre as partidas para higienização e que não haja confraternização entre os participantes.

Já o transporte coletivo municipal poderá operar com capacidade máxima de 60% do veículo, enquanto o transporte seletivo, fretado, intermunicipal e interestadual poderá ter capacidade máxima de 75%.

Leite pediu ainda que os estabelecimentos explicitem a lotação máxima e a necessidade de uso de máscara e álcool gel, bem como o fato de que aglomerações seguem vedadas. Na mesma linha, sugeriu que as pessoas não utilizem apenas máscaras de pano. “As máscaras de pano, especialmente quando estão apenas com uma camada de pano, não têm a mesma efetividade do que as máscaras cirúrgicas”, disse, sugerindo que, caso utilizem esse material, façam uso também de máscaras cirúrgicas.

As medidas entram em vigor já a partir deste sábado (10).

Dados apresentados pelo governo indicam tendência de queda no número de novos casos confirmados | Foto: Reprodução

Paciente em observação

O governador destacou que o número de casos confirmados de covid-19 começou a subir fortemente em 31 de janeiro e que manteve essa tendência de alta até a virada de fevereiro para março, quando entraram em vigor as medidas mais rigorosas, como o fim da cogestão no modelo de Distanciamento Controlado, e a tendência começou a ser revertida.

Da mesma forma, destacou que o número de pacientes internados em leitos clínicos estava na casa dos 1,5 mil em 6 de fevereiro, se aproximando dos 3 mil no final de fevereiro, quando entraram em vigor as medidas de restrição. A tendência continuou em forte alta até 12 de março, quando atingiu 6,2 mil, passando a cair desde então — está em 3,5 mil nesta sexta. O mesmo aconteceu com a ocupação de leitos de UTI, que permaneceu acima de 100% ao longo de todo o mês de março e caiu abaixo desse patamar em abril. Nesta sexta, o painel de monitoramento do governo do Estado indica que 94,1% dos leitos de UTI do Rio Grande do Sul estão ocupados. Contudo, Leite destacou que a ocupação dos leitos continua em um patamar elevado, acima do verificado em janeiro.

Neste sentido, o governador afirmou que o Estado teve que passar por um tratamento mais duro ao longo do mês de março e que agora, conforme a melhora dos indicadores, é possível ir relaxando restrições, mas com cautela, pois a situação ainda inspira muito cuidados. “O que está se fazendo aqui nem de longe é dar alta, porque ainda temos uma situação muito crítica”, disse, acrescentando que ainda há um patamar muito alto de casos, mortes e internações.

Leite afirmou que, apesar do relaxamento das restrições, o Estado está mobilizando esforços para reforçar a fiscalização e saudou o fato de que 400 prefeituras já encaminharam planos locais de fiscalização ao governo. Ele sugeriu que os municípios reforcem a fiscalização à medida que mais atividades econômicas voltam a ser permitidas e disse o Executivo estadual poderá, inclusive, aportar recursos para auxiliar a contratação de novos fiscais.

Ao final da apresentação, e usando ainda a analogia do paciente em tratamento, Leite sinalizou que o Estado está saindo da UTI, mas que a situação poderá piorar e voltar a necessitar de mais cuidados. “Se nós não queremos ter o tratamento mais grave, das restrições maiores no Estado, é fundamental que sejam observados os protocolos”, afirmou.

O governador reforçou o pedido para que as pessoas contribuam com a fiscalizam do comércio e de aglomerações.

Gabinete do ódio

Leite abriu a live falando dos ataques e das fake news que vêm sendo produzidas contra ele, dizendo que as pessoas têm liberdade para pensar diferente, mas que não pode aceitar que se coloque em dúvida as intenções das medidas implementadas pelo governo para o enfrentamento da covid-19.

Leite usou o termo “gabinete do ódio” para se referir a manifestações que circulam nas redes sociais de que os governadores, por exemplo, estariam represando intencionalmente a aplicação de doses das vacinas contra a covid-19. Leite comentou a fala feita pelo presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira de que o momento não era de conflitos, destacando que os conflitos têm partido do governo federal.


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