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16 de março de 2021
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16:53

Em somente 15 dias, março já é o mês mais mortal da covid-19 no RS

Por
Sul 21
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Aumento da internação e mortalidade é significativo entre pessoas com menos de 60 anos. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luciano Velleda

Em apenas 15 dias do mês de março, a covid-19 já fez mais vítimas fatais no Rio Grande do Sul do que em todo o mês de dezembro, até então o recordista em número de mortes. Nas duas primeiras semanas de março, 2.360 pessoas perderam a vida em decorrência do coronavírus, enquanto em todo o mês de dezembro foram 2.088 vítimas.

O momento mais grave da crise do coronavírus no Estado revela uma série de indicadores que apontam para uma possível mudança no curso da pandemia no Rio Grande do Sul. Os primeiros 15 dias de março, por exemplo, mostram que morreram 388 pessoas sem comorbidades, mais do que o dobro das 183 vítimas de dezembro.

A mortalidade em março também aumentou muito entre os não idosos, ou seja, pessoas com menos de 60 anos de idade. São 609 vítimas fatais até o momento, sendo que foram 407 em todo o mês de fevereiro, 376 em dezembro e 333 em agosto — mês do pico da primeira onda da pandemia no Estado.

O farmacêutico Eduardo Viegas da Silva, membro da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde, avalia que o aumento dos casos de internação e morte entre a população não idosa pode estar relacionado à falta de cuidado com as medidas básicas de proteção, como uso de máscara e evitar aglomerações. Apesar do crescimento expressivo entre as vítimas com menos de 60 anos, a covid-19 segue sendo uma doença mais grave entre idosos.

“Os jovens estão sendo mais atingidos agora por conta da maior circulação do vírus”, disse Viegas, durante debate promovido nesta terça-feira (16) pelo governo estadual para apresentar dados da crise sanitária no RS. “É provável que a ascensão do espalhamento (do vírus) tenha afetado mais pessoas no perfil de quem também circula mais.”

No entanto, ao se analisar todo o primeiro ano da crise no RS, o percentual da contaminação entre as faixas etárias mais jovens é semelhante ao longo da crise. “O padrão de ocorrência não tem uma mudança tão significativa se observamos ao longo do tempo”, ponderou Viegas, ressaltando uma pequena alteração nos primeiros meses de 2021.

No encontro, chamado de Papo Científico, Cynthia Goulart Molina-Bastos, diretora do Centro Estadual da Vigilância em Saúde, chamou atenção para as comorbidades das vítimas. Enquanto entre os idosos as comorbidades mais relacionadas à mortalidade são, na ordem, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e hipertensão, entre os jovens o terceiro maior fator de risco é a obesidade e não a hipertensão.

Cynthia ainda destacou outros fatores, além das comorbidades tradicionais, e que podem também aumentar o risco entre os jovens, como o abuso de álcool e questões relacionadas ao sono, como a apneia. “Hoje vemos pessoas de 20 anos e que não dormem bem”, comentou a diretora do Centro Estadual da Vigilância em Saúde.


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