Da Redação
Na última terça-feira (9), o jornal Folha de S.Paulo publicou uma reportagem que aponta que algumas capitais brasileiras tem até 12 vezes mais mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com causa não especificada do que por covid-19, o que indicaria uma possível subnotificação de vítimas da doença causada pelo novo coronavírus. Entre as cidades destacadas na reportagem, estava Porto Alegre, que, no momento do levantamento de dados para a reportagem, havia registrado 38 mortes por covid-19 desde o início da pandemia e 151 por SRAGs no período.
“Testando pouco, ele pode dizer que está vencendo a Covid, mesmo que seus cidadãos estejam sendo derrotados pela síndrome respiratória”, diz o texto da reportagem, em referência ao Rio Grande do Sul.
Durante transmissão feita pelas redes sociais nesta quinta-feira (11), o governador Eduardo Leite (PSDB) respondeu a um questionamento feito pelo repórter Luciano Velleda, do Sul21, sobre a reportagem e sobre a possibilidade de o RS não estar testando todas as mortes por problemas respiratórios.
Leite começou a sua resposta questionando as conclusões da reportagem. “Eu sempre digo que a gente tem que usar dados para embasar as políticas públicas, evidências científicas, mas o uso dos dados têm que ser feito com toda cautela, para que o cruzamento de informações seja feito com a responsabilidade de extrair desses dados o que realmente permite nortear uma política pública”.
O governador disse que “é evidente” que os estados da Região Sul, por terem invernos mais rigorosos, vão apresentar maior incidência de casos e óbitos por problemas respiratórios em geral, classificados como SRAGs. “Se nós temos mais síndromes respiratórias do que outros estados rotineiramente, independente de covid-19, e estamos tendo menos covid, é claro que a proporção de síndrome respiratória para covid vai ser maior. Não é só em Porto Alegre”, disse, destacando que a própria reportagem da Folha indicou cenários parecidos em Curitiba e Florianópolis.
Além disso, o governador negou que o número de mortes por covid-19 possa estar subnotificado. “Todas as mortes são investigadas no Rio Grande do Sul. Não há subnotificação. Há todo um protocolo para que sejam feitos, e em muitos casos refeitos, testes que apontem a causa da morte quando há suspeita de covid. Então, nós temos muita segurança na informação do estado do Rio Grande do Sul”.
Leite disse ainda que há um grupo técnico na Secretaria Estadual de Saúde responsável por analisar os dados e fazer comparações com outros anos e outras doenças para garantir a segurança das informações. “Os estudos e os boletins epidemiológicos que nós transmitimos, através da Secretaria de Saúde, apontam esse aumento das síndromes respiratórias. Ou seja, não há sonegação ou alteração de dados, mas é muito importante saber utilizar esses dados para não gerar informações incorretas, como acabou sugerindo esta reportagem da Folha de S.Paulo“, disse.
