Coronavírus
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12 de junho de 2020
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19:37

Mortes por síndromes respiratórias agudas graves cresceram 9 vezes no RS em 2020, diz estudo da bancada do PSOL

Por
Luís Gomes
[email protected]
Dados foram apresentados em live nesta sexta-feira | Foto: Reprodução

Da Redação

Em transmissão realizada pelas redes sociais nesta sexta-feira (12), a deputada estadual Luciana Genro, o vereador Roberto Robaina, de Porto Alegre, e Jurandir Silva, da Executiva Estadual do partido, apresentaram um estudo realizado pela Bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul que aponta para um grande aumento do número de mortes atribuídas a Síndromes Respiratórias Agudas Grave (SRAGs) em 2020.

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O levantamento, feito a partir dos dados do OpenDataSUS, aponta que, entre 1º de março e 9 de junho de 2020, o RS registrou 1.024 mortes atribuídas a SRAGs. Segundo os dados, este número é nove vezes maior do que a média para o período nos últimos três anos, que era de 113 óbitos atribuídos a SRAGs. No mesmo período de 2019, foram 84 óbitos por SRAGs, 90 em 2018 e 166 em 2017. O estudo destaca também que os casos de SRAGs também cresceram muito em 2020, saltando de uma média de 773 no período para 6.018 em 2020.

Os dados indicam ainda que, caso fosse mantida a média dos anos anteriores, a proporção de mortes por SRAGs por mortes por covid-19 seria de 0,38. Contudo, com os dados desse ano, a proporção verificada na prática é de 3,39 óbitos por SRAG para cada morte por covid.

Dados apontam para aumento das mortes por SRAGs em 2020 | Fonte: Bancada do PSOL na AL-RS

O levantamento aponta ainda aumento expressivo de óbitos por SRAGs em Porto Alegre e em Pelotas. No caso da Capital, a média de óbitos por SRAGs entre 2017 e 2019 para o período analisado (de 1º de março a 9 de junho) era de 64. No mesmo período deste ano, já foram registradas 245 mortes por SRAGs, 3,79 vezes mais. Já em Pelotas, a média anual era de 1,67 morte por ano no período analisado e, em 2020, foram registrados 9 óbitos, 5,40 vezes mais.

Luciana diz que os dados apontam para uma “explosão” de SRAGs no Rio Grande do Sul em comparação com a média dos últimos três anos. “Esses números demonstram claramente que está ocorrendo um aumento desproporcional das mortes por SRAG em todo o Rio Grande do Sul”, disse.

Fonte: Bancada do PSOL na AL-RS

Para a deputada, os dados apontados pelo número não tem como ser outra coisa que não seja algum nível de subnotificação. “É evidente que há algo estranho acontecendo. Por que nós temos nove vezes mais mortes por SRAGs em 2020 do que a média dos últimos três anos, excluindo as mortes por covid? Essa é a pergunta que o governo tem que responder”, questionou.

Em transmissão realizada na última quinta-feira (11), o governo abordou o assunto, que já havia sido tratado em reportagem da Folha de S.Paulo. O governador disse que “é evidente” que os estados da Região Sul, por terem invernos mais rigorosos, vão apresentar maior incidência de casos e óbitos por problemas respiratórios em geral, classificados como SRAGs. “Se nós temos mais síndromes respiratórias do que outros estados rotineiramente, independente de covid-19, e estamos tendo menos covid, é claro que a proporção de síndrome respiratória para covid vai ser maior. Não é só em Porto Alegre”, disse, destacando que a própria reportagem da Folha indicou cenários parecidos em Curitiba e Florianópolis.

Além disso, o governador negou que o número de mortes por covid-19 possa estar subnotificado. “Todas as mortes são investigadas no Rio Grande do Sul. Não há subnotificação. Há todo um protocolo para que sejam feitos, e em muitos casos refeitos, testes que apontem a causa da morte quando há suspeita de covid. Então, nós temos muita segurança na informação do estado do Rio Grande do Sul”.

No entanto, Robaina avaliou na transmissão que o argumento do governo de que o RS tem mais casos de SRAGs por conta do clima não faz sentido, uma vez que a comparação é com os dados do próprio RS em anos anteriores. “Os dados são alarmantes. O total é nove vezes do que a gente tem hoje em dia”, disse.

Presente no início da live, o reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, que coordena a pesquisa de prevalência do coronavírus no RS em parceria com o governo, afirmou que a universidade vai analisar os dados. Luciana informou ainda que os dados serão encaminhados para o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) para serem analisados.

Confira a íntegra do estudo divulgado pela Bancada do PSOL.

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