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21 de junho de 2020
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21:12

Marchezan diz que vai negociar itens da bandeira vermelha porque Capital tem ‘peculiaridades’

Por
Sul 21
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Marchezan diz que vai negociar itens da bandeira vermelha porque Capital tem ‘peculiaridades’
Marchezan diz que vai negociar itens da bandeira vermelha porque Capital tem ‘peculiaridades’
Marchezan falou sobre medidas do município na tarde deste domingo. Foto: Jefferson Bernardes/ PMPA

Da Redação

Em live transmitida pelo Facebook na tarde deste domingo (21), o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) falou sobre o decreto publicado na noite de sábado, depois que a Capital passou para a bandeira vermelha no modelo de distanciamento controlado implantado pelo governo do Estado. Marchezan destacou que a ocupação dos leitos de UTI e a circulação de pessoa são os dois indicadores principais, que norteiam as decisões tomadas pela Prefeitura.

No entanto, embora tenha repetido várias vezes que a mudança de bandeira é um sinal grave, com o qual o Executivo municipal concorda, e que indica a necessidade de uma tomada de posição, e de medidas mais restritivas, o prefeito afirmou que setores como os restaurantes poderão permanecer abertos na Capital, desde que até as 17h e seguindo uma série de medidas já estabelecidas. Outras atividades, como salões de beleza e barbearias, também podem seguir operando, ainda que restritas, por exemplo, a 30% de sua capacidade. “Alguns itens específicos, pelas nossas peculiaridades, vamos conversar”, disse ele ao ser questionado sobre a bandeira vermelha proibir algumas dessas atividades. Marchezan afirma que Porto Alegre já restringia atividades que não necessitaria pelo sistema de bandeiras, o que indicaria as especificidades do município.

“Sobre restaurantes, nossas decisões sempre se baseiam na questão da circulação. Como a gente tem mais trabalhadores que vêm de outros municípios e é uma metrópole, talvez a gente tenha uma necessidade de restaurantes maior que outros municípios. […] Notamos que, quando fecharam os restaurantes, as pessoas pegavam sua comida e se alimentavam em locais e circunstâncias de maior risco do que em restaurantes”, exemplificou Marchezan. “Se ali adiante a gente entender que é necessário avançar, a gente avança”, completou. Ele disse ainda que a restrição de horário se dá porque a Prefeitura não entende como necessário que esses estabelecimentos abram à noite, já que isso seria uma atividade social, que não cabe para o momento.

Uma das poucas mudanças estabelecida pelo decreto municipal diz respeito a aglomerações em espaços públicos, como parques e praças, que ficam sujeitas a multas e processos cíveis. Para o prefeito, será lamentável se tiver que enquadrar as pessoas, multar e processá-las e, o pior, tiver que fechar os parques. Ele diz que, do ponto de vista epidemiológico, os parques e praças são locais seguros, porque são arejados e têm espaço para distanciamento, mas que a sociedade precisa colaborar. Ele entende como uma atitude “agressiva” ter que multar o cidadão porque não cuida de si e do próximo. “Será muito triste se tivermos que fechar, se um símbolo de coisas boas se tornar um símbolo de maus procedimentos”. A partir de amanhã, terá início a abordagem a quem promover aglomeração e estiver sem EPIs necessários. “Podem ir pro parque, com máscara e com afastamento.”

Marchezan também fez um apelo específico ao setor de supermercados: “Busquem alternativas para evitar aglomeração. Ofereçam descontos nos dias e horários que não há grande demanda, busquem alternativas para ajudar a cidade de Porto Alegre”, disse. Os supermercados devem ser responsabilizados por aglomerações, mesmo que geradas fora dos estabelecimentos.

O prefeito também foi questionado sobre a manutenção da liberação de atletas profissionais, que podem continuar com treinos físicos e técnicos, desde que sem contato. “Não há porque um atleta, mantendo o afastamento, as regras de higiene, com um acompanhamento específico pra sua saúde, não nos parece que do ponto de vista epidemiológico ofereça um risco maior que outros profissionais”, defendeu o prefeito.

Indicadores que preocupam

A ocupação dos leitos de UTI e a circulação de pessoas são os dois principais indicadores para a Prefeitura tomar decisões, segundo o prefeito de Porto Alegre. Na tarde de hoje, havia 94 pacientes com covid-19 nas unidades de terapia intensiva da Capital. Marchezan diz que o que preocupa não é o número de leitos, que segundo ele seriam suficientes para a demanda do Estado, o problema é que não existira, em nenhum lugar do mundo, estrutura hospitalar suficiente para atender a demanda de uma pandemia. Gráfico apresentado pelo prefeito mostra uma tendência de procura alta por leitos de UTI em abril que foi contida, com um achatamento da curva. Agora, no entanto, essa curva teria voltado a subir.

Marchezan diz que no início de junho, cerca de duas semanas após decretos que flexibilizaram uma série de atividades, se percebeu que o aumento de circulação coincidia com a curva ascendente da epidemia em Porto Alegre. Algumas medidas teriam sido tomadas, de acordo com ele, mas teriam sido insuficientes para conter o avanço até agora. Mantendo-se da mesma forma, a projeção do município seria que, em 5 de julho, houvesse 200 leitos de UTI ocupados por pacientes com covid-19 e, em 20 de julho, 400 leitos. “O que é absolutamente insuportável”, diz o prefeito.

Sobre a preocupação com a demanda de outros municípios, o prefeito apresentou números do dia 18 de junho, indicando que, na ocasião, 31 leitos eram ocupados por pacientes da Capital, enquanto 22 recebiam moradores de outras cidades da Região Metropolitana, como Guaíba, Viamão e Novo Hamburgo. Ainda havia pacientes de outras cidades do Estado e mesmo de um outro Estado brasileiro.

Marchezan diz que as medidas individuais são muito importantes, especialmente o distanciamento social, mas que a circulação de pessoas é o fator que oferece mais risco em Porto Alegre. Os setores de serviços e comércio, de acordo com o prefeito, são os dois com maior volume de pessoas empregadas e que impactam nessa circulação de pessoas – especialmente o comércio, que mobiliza não apenas aqueles que trabalham no setor, mas também os que consomem.

Para explicar porque autônomos e MEIs seguem liberados, o prefeito diz que eles trabalham sozinhos, na maior parte das situações. Da mesma forma, afirma que os microempresários com faturamento anual de até R$ 360 mil também empregam pouco e geram pouca circulação de pessoas. O problema principal estaria nas grandes empresas, com faturamento anual acima de R$ 4,8 milhões, como as chamadas “âncoras” nos shoppings, que geram grande circulação de pessoas.


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