Coronavírus
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30 de junho de 2020
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20:10

Internações por covid-19 dobram e Canoas se vê à beira do colapso: ‘pessoas estão chegando muito graves’

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Sul 21
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Internações por covid-19 dobram e Canoas se vê à beira do colapso: ‘pessoas estão chegando muito graves’
Internações por covid-19 dobram e Canoas se vê à beira do colapso: ‘pessoas estão chegando muito graves’
Internações por covid-19 aumentaram rapidamente em Canoas nos últimos dias. Hoje, cidade tem 84% dos leitos de UTI ocupados. Foto: Prefeitura de Canoas

Luciano Velleda

Entre o último sábado (27) e segunda-feira (29), Canoas registrou quatro mortes por covid-19 de cidadãos do município, três ocorridas em hospitais da cidade e uma na Santa Casa, em Porto Alegre. As mortes refletem a situação limite registrada na cidade nos últimos dias, quando o número de pessoas internadas com suspeita e confirmação de covid-19 mais que dobrou. A pressão sobre o sistema de saúde e a ocupação de leitos de UTI levou o governo local a cancelar as cirurgias eletivas (não emergenciais) a partir desta semana, remanejando equipes para atendimento de UTI e leitos clínicos.

“Canoas atende 5 mil pessoas por dia – além dos canoenses, gaúchos de mais de 150 municípios. Com todos, tenho a responsabilidade de ser realista e transparente. A previsão de uma situação ainda mais aguda, infelizmente, está se confirmando. A expansão da pandemia é muito grave”, afirmou o prefeito Luiz Carlos Busato (PTB), por rede social.

Na tarde desta terça-feira (30), Canoas tem 74 dos seus 88 leitos de UTI ocupados, o que representa 84,1% da capacidade da rede hospitalar local. São 15 pacientes confirmados com o novo coronavírus e 11 suspeitos, ocupando 26 dos 28 leitos previstos para covid-19. A cidade tem mais quatro leitos de UTI nos dois hospitais de campanha ativos, mas são leitos considerados de passagem. A orientação, na medida do possível, é não deixar esses leitos ocupados por muito tempo.

Na madrugada de quinta (25) para sexta-feira (26), Alexandre Mendes Siqueira, de 53 anos, morreu no hospital de campanha instalado junto à UPA Boqueirão, no bairro Guajuviras. Segundo denúncia dos familiares, ele precisava ter sido transferido para uma UTI e não havia vagas. A Prefeitura de Canoas, no entanto, informou que o paciente estava no leito de UTI do hospital de campanha e abriu procedimento interno para apurar o ocorrido. Nos dois hospitais de campanha do município para atender pacientes covid-19, a média de atendimentos subiu de 60 por dia para cerca de 100.

“Toda essa piora aconteceu nos últimos três dias. Semana passada estava sob controle”, lamentou o prefeito Busato, por transmissão via rede social, na noite desta segunda-feira. Ele pediu maior conscientização dos moradores de Canoas diante da gravidade da situação. “Nossas UTIs estão praticamente com lotação máxima, e tem gente que ainda acha que isso é uma ‘gripezinha’. Ainda vamos perder muitas vidas nesse caminho, infelizmente.”

Busato prometeu intensificar a fiscalização nas ruas, e citou denúncias de festas escondidas e bares cheios. Para ele, quem tem esse tipo de comportamento não deveria merecer “guarida” do sistema de saúde.    

A grave situação de Canoas poderia ser ainda pior. Nos últimos meses, o município ampliou a capacidade de atendimento, criando mais 26 leitos de UTI e 228 leitos clínicos. No total, atualmente são 121 leitos de UTI e 808 clínicos. Outro problema agora é a falta de profissionais de saúde, como enfermeiros, técnicos e médicos, ainda que cerca de 750 tenham sido contratados desde o começo do ano. Em torno da metade dos 228 novos leitos no Hospital Universitário estão inativos por falta de equipe.

“Estamos correndo atrás para contratar e colocar em uso esses leitos”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter. Caso não houvesse ocorrido a ampliação do número de leitos, ele diz que a situação já seria caótica, com os médicos tendo que escolher quem ir para a UTI e o número de mortes mais elevado. Apesar da ampliação na capacidade de atendimento, a cidade de Canoas está próxima do seu limite. “As pessoas estão chegando muito graves.”    


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