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13 de maio de 2020
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20:53

Pesquisa estima quase 25 mil casos de covid-19 no RS e indica expansão controlada no Estado

Por
Sul 21
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A terceira fase do estudo estima haver uma pessoa infectado para cada 454 habitantes. Foto: Robson da Silveira/SMS PMPA

Luciano Velleda

A pesquisa de prevalência do novo coronavírus no Rio Grande do Sul, coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), aponta que há 24.860 pessoas com anticorpos no Estado, o que representa 0,22% da população. A terceira fase do estudo, apresentada nesta quarta-feira (13), estima haver uma pessoa infectado para cada 454 habitantes — na fase anterior, essa estimativa era de uma pessoa contaminada para cada 769 habitantes, o que significava haver 15.066 gaúchos com anticorpos do vírus, ou 0,13% da população.

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“Da primeira para a segunda fase, triplicou (a estimativa de contaminados), e da segunda para a terceira, nem dobrou”, pondera Pedro Cury Hallal, reitor da UFPel. “Isso é um resultado muito positivo, em termos da velocidade de expansão do vírus”, explicou, ressaltando que a pesquisa é importante porque as estatísticas oficiais são comprovadamente subestimadas.

A pesquisa coordenada pelo UFPel tem quatro objetivos: estimar o percentual de gaúchos que já desenvolveram anticorpos para a doença, ou seja, já foram contaminados; avaliar a velocidade de expansão da infecção ao longo do tempo; determinar o percentual de infecções assintomáticas; e possibilitar cálculos precisos de letalidade.

A terceira fase da pesquisa foi realizada nos dias 9, 10 e 11 de maio, em nove cidades do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí e Uruguaiana. Juntos, os municípios representam 31% da população do Estado. “Essas nove cidades dão um retrato bem detalhado da situação do Rio Grande do Sul”, afirmou Hallal, durante transmissão em vídeo pelo Facebook junto ao governador Eduardo Leite (PSDB).

Assim como na fase anterior, foram testados 4,5 mil pessoas, sendo 500 em cada cidade. Dessa vez, o estudo detectou 10 testes positivos, sendo quatro em Passo Fundo, dois em Ijuí, e um em Santa Cruz do Sul, Caxias, Pelotas e Porto Alegre. Ao encontrar uma pessoa com o vírus, os pesquisadores testam então seus familiares e, até o momento, 34% dos parentes também estavam contaminados, confirmando a alta probabilidade da infecção no ambiente doméstico.

A terceira fase do estudo aponta que, para cada caso confirmado de covid-19, há outros nove não identificados. Tal projeção indica uma estabilização no RS, considerando que a fase anterior indicou haver 12 casos não identificados para cada caso confirmado. Com isso, para cada um milhão de habitantes no Estado, estima-se que há 2.200 infectados pelo novo coronavírus, sendo 248 notificados.

Durante a apresentação dos dados, Pedro Hallal destacou não haver no mundo estudo semelhante com mais de quatro mil pessoas, enquanto no Rio Grande do Sul já há três fases de estudo com mais de quatro mil pessoas. Apesar de a terceira fase da pesquisa apresentar um quadro “positivo” da doença no RS, o reitor da UFPel disse ser preciso ter cuidado na interpretação das estimativas quando os números são baixos, além do fato de haver margem de erro.

Foto: Reprodução

Letalidade

Considerando somente os casos confirmados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), a taxa de letalidade do vírus no Rio Grande do Sul é de 4%. Porém, ao ter como referência o total de casos estimados, essa taxa cai para 0,42%. Na fase anterior do estudo, a letalidade estimada foi de 0,33%.

“A estimativa global que a Organização Mundial da Saúde tem trabalhado é de 0,35% de letalidade pelo coronavírus, muito próximo do que estamos encontrando, com dados reais, aqui no Rio Grande do Sul”, analisou o reitor Pedro Hallal.

Distanciamento social

Além do teste de anticorpos, a pesquisa também aplica um questionário sobre os níveis de adesão ao distanciamento social. Agora na terceira fase do estudo, 30,4% dos entrevistados declararam sair diariamente, enquanto 56,1% saem só para atividades essenciais, e 16,5% ficam sempre em casa — o menor percentual de distanciamento social desde o início do estudo.

Na primeira fase da pesquisa, 20,6% haviam dito que estavam saindo de casa diariamente, 21,1% que ficavam em casa o tempo todo e 58,3% saiam apenas para atividades essenciais. Já na segunda fase, 28,3% disseram que estavam saindo diariamente, 18,3% que não estavam saindo e 53,4% apenas para atividades essenciais.

Segundo o reitor da UFPel, o estudo conclui que a prevalência do novo coronavírus se mantém baixa no Rio Grande do Sul, e recomenda a testagem, a busca ativa e atenção especial à cidade de Passo Fundo.

Foto: Reprodução

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