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27 de maio de 2020
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22:02

Aulas na rede pública recomeçam em junho somente no modelo à distância

Por
Sul 21
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Aulas na rede pública recomeçam em junho somente no modelo à distância
Aulas na rede pública recomeçam em junho somente no modelo à distância
Sinal de internet e alunos com aparelhos eletrônicos são alguns dos desafios do governo do estado no retorno às aulas no modelo remoto. Foto: Luiza Castro/Sul21

Luciano Velleda

As aulas presenciais na rede pública e privada de ensino permanecerão suspensas durante o mês de junho em todo o Rio Grande do Sul. A partir da próxima segunda-feira (1), as aulas nas escolas estaduais recomeçam somente no modelo de ensino à distância – escolas particulares já tem adotado esse formato há mais tempo. E a partir do dia 15 de junho, voltam as aulas no ensino superior, pós-graduação, ensino técnico e cursos livres (profissionalizantes, idiomas, artes e similares), mas apenas atividades práticas essenciais para a conclusão do curso, como pesquisa, estágio curricular obrigatório e atividades em laboratórios.

O anúncio dos diversos cenários e projeções para a volta às aulas no estado foi apresentado, nesta quarta-feira (27), pelo governador Eduardo Leite, durante transmissão ao vivo por rede social. “As aulas movimentam um grande contingente de pessoas e, nesse momento, é um ponto complexo”, explicou.

O governo estadual planeja o retorno em cinco etapas, sendo a última prevista para o dia 1 de setembro. Porém, durante o anúncio, Eduardo Leite destacou, mais de uma vez, que a prioridade é “proteger a vida e a saúde de alunos, professores e funcionários” das escolas, de modo que as etapas planejadas podem ser revistas mediante alterações no cenário de contaminação pelo coronavírus no estado.

Na rede pública, o retorno das aulas acontecerá com o uso da plataforma Classroom, criada pela Google for Education. Segundo o governo, essa primeira etapa servirá à ambientação digital de professores e alunos. A proposta é “espelhar” na plataforma do Google mais de 37 mil turmas, criando mais de 300 mil ambientes virtuais, oferecer mais de mil turmas Pré-Enem, incluindo salas de professores, serviços de orientação educacional e coordenação pedagógica virtual.

Com cerca de duas mil escolas estaduais em todo o Rio Grande do Sul, a capacidade de acesso à internet e equipamentos, como celular ou computador, é apontado como o grande desafio a ser enfrentado, além da capacitação dos professores e o desenvolvimento de currículos específicos e adaptados. “Estamos animados em conseguir atingir um número expressivo de estudantes, mas não podemos deixar ninguém pra trás”, afirmou Faisal Karam, secretário estadual da Educação.

No ensino superior, pós-graduação e ensino técnico, a volta às aulas a partir do dia 15 de junho e exclusivamente em atividades consideradas essenciais, prevê o retorno de 41 mil alunos. Com os cursos livres, serão mais 100 mil alunos. “Cada momento pode ser antecipado ou postergado, se tivermos um cenário adverso. Não tem como apresentar um quadro de certezas”, destacou o governador Eduardo Leite.

Cuidados específicos

Nas últimas semanas, o governo do Estado já vinha adiantando que o retorno às aulas iniciaria pelo ensino à distância. Para a volta das aulas presenciais, uma série de medidas estão sendo planejadas e devem ser divulgadas em breve. Será necessário, por exemplo, o uso de máscara por parte de alunos e trabalhadores da escola, a higienização frequente de ambientes de uso comum, o não compartilhamento de materiais escolares, além da higienização de objetos e equipamentos de acesso dos alunos. A proposta ainda inclui estabelecer distanciamento mínimo entre os alunos e revezamento de turmas, entre outros de prevenção. “Vamos observar aquilo que é essencial para a saúde de alunos, professores e funcionários”, disse Arita Bergmann, secretária estadual da Saúde.

As escolas ainda deverão criar um Centro de Operações de Emergência em Saúde para a Educação (COE-E), composto por um membro da direção e um representante da comunidade escolar. Segundo o governo estadual, esse Centro de Operações terá a incumbência de: informar e capacitar a comunidade escolar sobre os cuidados; organizar os protocolos de reabertura das aulas presenciais; manter a rotina de monitoramento dos protocolos; reunir informações para diagnóstico da operação emergencial; e planejar ações e medidas para restabelecer a normalidade da situação na instituição de ensino.

Para escolas com mais de 100 pessoas (entre alunos, funcionários e professores), o governo planeja a criação do Plano de Contingência para Prevenção, Monitoramento e Controle da Transmissão de COVID-19. Além de informar a comunidade escolar sobre as medidas adotadas, esse Plano terá o objetivo de fiscalizar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), orientar o distanciamento social e a limpeza e desinfecção dos ambientes, materiais e utensílios, assim como readequar os espaços físicos da escola e a circulação de pessoas, além de adotar procedimentos em casos suspeitos e confirmados de covid-19.

Educação infantil

Com a retomada de diversas atividades comerciais e de serviços, famílias com filhos entre 0 e 5 anos começam a ter maiores dificuldades em deixar a criança enquanto voltam ao trabalho. Embora ainda não haja uma data para a reabertura de creches e escolas de educação infantil, o governador Eduardo Leite adiantou que, os pais que puderem, devem manter seus filhos em casa. Isso porque não é obrigatório a ida à escola até os 3 anos de idade, e para crianças entre 4 e 5 anos não há um ano letivo com carga horária mínima, ou seja, não há o risco de “perder o ano”.

O retorno da educação infantil poderá acontecer a partir do dia 1 de julho, na etapa 3 da volta às aulas, com anúncio no próximo dia 15 de junho. Entretanto, não há garantias de que isso ocorra. O governo trabalha com 5 etapas em cenários distintos, a depender de como será a evolução da pandemia do novo coronavírus no estado com a chegada do inverno.

Segundo a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, a escola no Brasil adquire uma importância que vai além do processo de ensino, principalmente para famílias mais vulneráveis. “Para muitas mães, a escola não é só um lugar de aprendizado, mas de proteção”, explicou. O Rio Grande do Sul tem 458 mil crianças matriculadas na educação infantil. Dados do governo indicam que 28,8% dos alunos de creches e 20,5% dos alunos da pré-escola são de famílias de baixa renda.


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