TV Sul21
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3 de junho de 2017
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18:14

5 perguntas para Moysés Pinto Neto: ‘Henrique Meirelles seria o presidente da ideologia Globo News’

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Luís Eduardo Gomes

O filósofo e professor do curso de Direito da Ulbra Moysés Pinto Neto é o entrevistado desta semana do programa 5 Perguntas, do Sul21. Ele faz uma análise da situação política do Brasil, avaliando a possibilidade ou não do presidente Michel Temer (PMDB) deixar a presidência, seja via impeachment, renúncia ou cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e os rumos que o País poderá tomar a partir disso.

O professor avalia que, pelo fato de pesquisas apontarem que entre 85% e 90% dos brasileiros são a favor de eleições diretas em caso de queda do governo Temer, seria “muito complicado para o Congresso sustentar eleições indiretas”. “A eleição indireta, por si só, já é um pouco violenta em qualquer situação, na medida em que ela suprime aquilo que é o elemento por excelência da democracia, que é o voto”, diz.

Segundo ele, a falta de legitimidade do Congresso para fazer esta escolha passa pelo fato de que grande parte dos parlamentares estão envolvidos nos mesmos processos apontados pela Operação Lava Jato. Além disso, há uma insatisfação geral da população, independente do viés político, em relação aos seus representantes.

“Afirmar que o Congresso não tenha legitimidade é algo que pode ser rebatido pela questão de que eles foram eleitos. Agora, se nós observarmos legitimidade como um conceito estritamente político, como algo que tem a ver com essa sustentabilidade política, no sentido do representado reconhecer o parlamentar como seu representante, me parece que essa legitimidade está abalada com relação a esse Congresso e, portanto, seria uma má ideia esse Congresso eleger um presidente”, diz.

No entanto, caso essa via seja adotada para uma eventual sucessão, ele considera que dificilmente o Congresso seria capaz de “resolver a crise política”, uma vez que ela envolveria um processo de desconstrução de estruturas históricas da sociedade brasileira. “Mesmo com todas as críticas merecidas que a Lava Jato recebe, no sentido de violar garantias e direitos individuais, a gente pode ver que, de alguma maneira, está sendo tocada uma oligarquia empresarial e política, que era blindada em relação a qualquer tipo de controle”, afirma.

Ele ainda salienta que os nomes ventilados pela grande imprensa têm todos o mesmo perfil: seriam vinculados a essa mesma oligarquia política e teriam como objetivo oferecer uma blindagem a eles próprios e estariam comprometidos com a manutenção das reformas econômicas em andamento no governo Temer.

“Se a gente pensar nos nomes que são especulados. Fernando Hernique Cardoso seria absolutamente bizarro, porque seria voltar 30 anos na história do País. A volta do Lula eu já acho que sofre do mesmo problema, a gente voltar para algo que supostamente já deveria ter sido superado no sentido de renovação do sistema político, FHC seria voltar mais atrás”, afirma. “Rodrigo Maia é um político sem expressão, totalmente vinculado a essa fisiologia. O Nelson Jobim, que é uma figura de bastidores, também vinculado à essa oligarquia política e com trânsito nas diversas burocracias, judiciária, parlamentar, no Exército. Seria uma típica solução de cima, bem característica de eleições indiretas”, complementa.

Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ele considera que seria “quase um nome biônico” e o candidato da “ideologia Globo News“. “Seria colocado lá para defender os interesses do mercado financeiro, como se esses interesses representassem a totalidade da sociedade, como se houvesse uma fórmula de gerir a política puramente tecnocrática, se não existisse realmente polêmica. Seria o candidato da ideologia Globo News, para colocar em jogo aquele programa que a Globo News defende constantemente”, ironiza.


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