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8 de outubro de 2019
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18:11

‘Esquece o PSL, esquece o partido’, diz Bolsonaro a apoiador

Por
Sul 21
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‘Esquece o PSL, esquece o partido’, diz Bolsonaro a apoiador
‘Esquece o PSL, esquece o partido’, diz Bolsonaro a apoiador
Bivar e Bolsonaro. Foto: Reprodução

Da RBA

O presidente Jair Bolsonaro pediu para um apoiador “esquecer o PSL”, partido pelo qual se elegeu. Segundo o próprio, o presidente da legenda, o deputado federal Luciano Bivar (PE), está “queimado” em seu estado natal. Bolsonaro e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foram implicados por conta de um ex-assessor do ministro e da apreensão de uma planilha em um possível desvio de recursos do fundo partidário que seriam destinados a candidatas mulheres, no escândalo que ficou conhecido como “laranjal do PSL”.

O apoiador queria gravar um vídeo com Bolsonaro. “Esquece o PSL, tá ok?”, cochichou o presidente, na manhã desta terça-feira (8), na saída do Palácio da Alvorada. “Eu, Bolsonaro e Bivar, juntos por um novo Recife”, disse o correligionário, aspirante a candidato, diante da câmera de um celular. O presidente pede então para que ele não divulgue o conteúdo. “Ô cara, não divulga isso, não. O cara (Bivar) está queimado para caramba lá. Vai queimar o meu filme. Esquece esse cara, esquece o partido”, insiste o capitão.

Bivar é investigado pela Procuradoria Regional Eleitoral em Pernambuco. Os recursos do fundo eram enviados a candidatas mulheres do partido, para que fosse cumprida a cota mínima de 30% de postulantes femininas, durante a eleição de 2018. Uma dessas candidatas, Maria de Lourdes Paixão, era secretária administrativa na seção pernambucana do do PSL. Ela recebeu de Bivar R$ 400 mil para custear gastos com notas material de campanha, como santinhos e adesivos. As encomendas teriam sido feitas em gráficas de fachada, ligadas a Bivar. Mesmo tendo recebido o terceiro maior repasse realizado pelo partido em todo o país, Maria de Lourdes recebeu apenas 274 votos, indício de se tratar de uma candidatura-laranja.

Mais laranjas em Minas

Já o ministro do turismo, presidente do PSL de Minas Gerais durante a eleição, era quem comandava a distribuição de recursos do fundo partidário no estado. Lá, quatro candidatas receberam R$ 279 mil, sem evidências que, de fato, tivessem feito campanha no ano passado. Na última sexta-feira (4), o ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais acusado dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. Álvaro Antônio nega qualquer irregularidade. Nesta terça-feira (8), ele foi convocado a dar explicações no Senado.

As investigações do laranjal do PSL mineiro já respingam no presidente. Um ex-assessor parlamentar do ministro, em depoimento, disse achar que os recursos desviados das candidaturas femininas serviriam para arcar com gastos da campanha de Álvaro Antônio e do próprio Bolsonaro. O jornal Folha de S.Paulo, que divulgou a informação, foi atacado pelo presidente, que acusou o veículo de mentir e “descer às profundezas do esgoto”.

Repercussão

Durante a manhã de hoje, “esquece o PSL” era o terceiro termo mais comentados no Twitter. O senador Humberto Costa (PT-PE) classificou o episódio como “inacreditável”, e disse que Bolsonaro foi eleito pelo partido “com base em fake news, caixa 2 e laranjal”. Para a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), o presidente faz a “política do esquecimento” e torce para que o povo tenha memória curta. “Esquece o PSL, esquece o Queiroz, esquece as queimadas na Amazônia, esquece a tortura na ditadura, esquece o laranjal…”, ironizou a parlamentar em seu perfil no Twitter.


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