Da Redação
Falecido nesta quarta-feira (10) aos 77 anos, Paulo Henrique Amorim teve uma longa carreira com passagens por alguns dos principais jornais, revistas e emissoras de televisão do País. Era, também, um dos principais nomes do jornalismo independente brasileiro, mantendo desde 2008 o blog, que depois virou site, Conversa Afiada.
A postura crítica adotada no site lhe rendeu uma série de inimigos. Em vídeo postado em seu canal em dezembro de 2017, ele lembrou que era vítima de dezenas de processos judiciais por causa de opiniões publicadas em seu site. “Eu digo dezenas, porque o número exato de processos varia de mês a mês, de semana a semana”.
A fala do vídeo, lembrado hoje pelo jornalista Mário Magalhães no Twitter, é também um resumo da luta por liberdade de expressão que Amorim travou em sua carreira. “A Constituição brasileira não me protege, não protege jornalistas independentes, como eu e dezenas de outros (…) Na teoria, a Constituição brasileira protege a liberdade de expressão, mas, na prática, há uma falha sistêmica. Tantas são as ressalvas previstas na própria Constituição que os poderosos supostamente ofendidos acabam por prevalecer na Justiça brasileira. E, assim, pelo bolso e pelo constrangimento político e moral funciona de fato no Brasil uma censura. Uma censura à liberdade de expressão, uma censura à palavra, uma censura ao pensamento”.
Diante desse quadro, Amorim anuncia no vídeo que iria recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, ligada a Organização dos Estados Americanos (OEA), para pressionar Estado brasileiro a garantir o direito de jornalistas. “Dessa forma, eu pretendo que o Estado brasileiro, sob pressão internacional, corrija essa deformação que se instalou, que faz parte, que está na estrutura do seu sistema jurídico. Como disse um juiz brasileiro, a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade”.
Confira o vídeo:
