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4 de junho de 2019
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18:46

‘Mais de 90% da economia da reforma da Previdência viria dos mais pobres’, alerta economista e ex-banqueiro

Por
Sul 21
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‘Mais de 90% da economia da reforma da Previdência viria dos mais pobres’, alerta economista e ex-banqueiro
‘Mais de 90% da economia da reforma da Previdência viria dos mais pobres’, alerta economista e ex-banqueiro
Proposta tramita em Comissão Especial da Câmara dos Deputados

Gabriel Valery
Da RBA

Que ‘reforma’ é essa? A pergunta ganhou a internet e ficou entre os assuntos mais comentados do Twiiter nesta terça-feira (4). O questionamento dá nome a uma campanha que quer esclarecer as propostas do governo do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), sobre o tema (PEC 06/19). “Mais de 90% da economia que a reforma irá gerar vem dos mais pobres”, alerta.

A campanha conta com um site e um vídeo, que foi amplamente divulgado nesta manhã. Na peça, o economista e ex-banqueiro Eduardo Moreira faz considerações sobre a proposta bolsonarista, encabeçada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “A reforma da Previdência, como está sendo proposta, não vai ser boa para nenhum brasileiro. Nenhum!”, afirma.

O vídeo segue com explicações objetivas sobre um tema com detalhes que podem parecer complexos. “Os mais pobres vão ter que trabalhar por mais tempo e receber ainda menos. Pra quem é servidor público e para a chamada classe média tradicional, essa reforma também é incrivelmente perversa”, aponta.

Moreira faz uma consideração de que, comprovada a necessidade de uma reforma na Previdência, ela “deveria atacar privilégios e privilegiados. Mas essa proposta ataca quase que exclusivamente trabalhadores e a classe média (…) Os dados estão no documento oficial do próprio governo. O Brasil precisa, na verdade, tributar os mais ricos, cobrar os grandes devedores da Previdência, parar de dar isenções e benefícios fiscais para quem não precisa e voltar a investir para gerar empregos”.

Comissão especial

A proposta da reforma tramita, neste momento, em Comissão Especial da Câmara dos Deputados. No mês passado Eduardo Moreira participou de uma Audiência Pública na Comissão Especial, ao lado do economista da Unicamp Eduardo Fagnani. “Estudei dívida interna por 20 anos da minha vida e me tornei sócio de dois bancos. Sócio de um, maior banco do país, e fundador de outro”.

Na ocasião, deputados da base do governo Bolsonaro chamaram o banqueiro de “comunista” e “marxista”. A constatação absurda arrancou gargalhadas do economista com ampla carreira no mercado financeiro. “Olha só como isso me faz uma figura super heterogênea. Um ex-banqueiro marxista. Meio diferente”.

Sobre o conteúdo da reforma, Moreira foi direto: “Existe a constatação de que existem privilegiados com super aposentadorias e isso é sustentado pelos mais pobres. Então é simples, por que vamos mexer com a aposentadoria dos pobres? Não tem o menor sentido isso. Você não reduz desigualdade tirando do que tem mais e do que tem menos. Tira só do que tem mais. Ou você vai jogar a criança fora junto com a água do banho?”

Sobre as ameaças da equipe econômica de que, se não aprovada a reforma, faltarão verbas para áreas como Saúde e Educação, Moreira ressaltou que “são verbas constitucionais. Só gastamos o piso. Então, não existe risco se for cumprida a Constituição”.


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