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29 de março de 2019
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21:06

OAB e Instituto Vladmir Herzog denunciam Bolsonaro à ONU por manifestação sobre a ditadura

Por
Luís Gomes
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Da Redação

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) confirmou em nota divulgada nesta sexta-feira (29) que, em conjunto com o Instituto Vladmir Herzog, apresentou uma denúncia à Organização das Nações Unidas a respeito do pedido do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que as Forças Armadas comemorassem o golpe militar de 1964. As entidades pedem uma manifestação da ONU a respeito do posicionamento do presidente sobre a ditadura militar.

“A OAB lembra, ainda, que negar a história, as atrocidades cometidas no passado, é considerado crime em muitos países, como acontece com o negacionismo do Holocausto”, diz a nota.

Na última segunda-feira (25), o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, informou que Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa a realização das “comemorações devidas” pelos 55 anos do golpe militar. Nesta quinta (28), ele mudou o tom e afirmou que não determinou comemorações, mas “rememorar”. “Rever o que está errado, o que está certo e usar isso para o bem do Brasil no futuro”, disse o presidente.

Confira a íntegra da nota da OAB:

A OAB confirma que, em conjunto com o Instituto Vladmir Herzog, apresentou à Organização das Nações Unidas petição em que relata a orientação do governo brasileiro para que se promovesse COMEMORAÇÃO do golpe que instalou a ditadura em 1964 e pede que a organização se manifeste.

Segundo os critérios da ONU, o processo tramita em segredo de Justiça até que o relator decida de outra forma.

A OAB aguarda, assim, que a ONU se manifeste oficialmente, respeitando o sigilo, regra da instituição.

A OAB lembra, ainda, que negar a história, as atrocidades cometidas no passado, é considerado crime em muitos países, como acontece com o negacionismo do Holocausto.

A Ordem reitera que, em um cenário de crise econômica, com mais de 13 milhões de desempregados, é preciso olhar para a frente e tratar do que importa: o futuro do povo brasileiro.

Comemorar a instalação de uma ditadura que fechou instituições democráticas e censurou a imprensa é querer dirigir olhando para o retrovisor, mirando uma estrada tenebrosa.

Não podemos dividir ainda mais uma nação já fraturada: a quem pode interessar celebrar um regime que mutilou pessoas, desapareceu com seus inimigos, separou famílias, torturou tantos brasileiros e brasileiras, inclusive mulheres grávidas?

Não podemos permitir que os ódios do passado envenenem o presente, destruindo o futuro.


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