Da Redação
O argumento de que o nazismo foi um movimento de esquerda há anos vem sendo defendido em blogs e canais de YouTube ligados à direita brasileira. Apesar de se tratar de um absurdo histórico, ganhou tal dimensão que, em setembro passado, internautas brasileiros criticaram um vídeo da Embaixada da Alemanha em Brasília que classificava a doutrina que promoveu o Holocausto como de extrema-direita. O vídeo trazia a seguinte fala do ministro Exterior alemão, Heiko Mass: “Devemos nos opor aos extremistas de direita, não devemos ignorar, temos que mostrar nossa cara contra neonazistas e antissemitas”.
A novidade agora é que esse argumento ganhou um caráter de discurso oficial do governo brasileiro ao ser defendido pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Em entrevista ao Brasil Paralelo, canal do YouTube, defendeu essa tese ao argumentar em defesa do nacionalismo. “Uma coisa que eu falo muito é dessa tendência da esquerda de pegar uma coisa boa, sequestrar, perverter e transformar numa coisa ruim. É mais ou menos o que aconteceu sempre com esses regimes totalitários. Isso tem a ver com o que eu digo que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda”, disse.
Araújo já havia defendido essa ideia em texto publicado em seu blog em 2017, quando não ocupava o cargo atual. Em entrevista a DW Brasil, a historiadora alemã Stefanie Schüler-Springorum, diretora do Centro para Pesquisa sobre Antissemitismo da Universidade Técnica de Berlim, criticou a fala do ministro. “Quando um ministro do Exterior faz esse tipo de afirmação, considero altamente problemático diplomaticamente e um absurdo cientificamente”, disse.
